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Em sindicato da CUT, Lula se oferece como candidato a presidente em 2018

Flávio Costa e Guilherme Azevedo

Do UOL, em São Paulo

04/03/2016 21h26

Em mais um discurso inflamado, em que chegou a chorar em alguns momentos, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou na noite desta sexta-feira (4), em São Paulo, que pode ser candidato nas eleições de 2018.

"Eu estava quieto no meu campo, e estava na expectativa de que vocês escolhessem alguém para disputar 2018. Cutucaram o cão com vara curta. Portanto, eu quero me oferecer a vocês [como candidato]. Esse jovem de 70 anos de idade, mas com o tesão de um jovem de 30, com um corpo de atleta de 20. Eu me ofereço a vocês, não tenho preguiça de acordar cedo", disse Lula, em discurso realizado no Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, localizado no centro da capital paulista. "Se vocês estão precisando de alguém para animar nossa tropa, o animador está aqui."

Lula disse também que foi o melhor presidente na história do Brasil e o melhor presidente no mundo na virada do século 21: "Aconteceu uma coisa grave que jamais poderia ter acontecido porque não estava na lógica intelectual da elite brasileira: eu virei o melhor presidente da República que este país já teve", disse no ato em seu apoio na sede do Sindicato dos Bancários de São Paulo. "Mais importante ainda: eu passei a ser o melhor presidente do começo do século 21 no mundo inteiro". 

Apoio após depoimento à Polícia Federal

O ato foi organizado pelo sindicato, filiado à CUT, contou com a presença de lideranças do PT, a exemplo do presidente do partido, Rui Falcão, e o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad. O ato significou um desagravo a Lula, que na manhã desta sexta-feira (4) foi conduzido de maneira coercitiva para prestar depoimento na 24ª fase da Operação Lava Jato. "Isso que aconteceu hoje foi uma ofensa pessoal a mim, ao meu partido, à democracia e ao estado de direito", disse.

Da mesma maneira em que seu pronunciamento durante a manhã, o ex-presidente voltou a dizer que vai reagir:

Se tiverem de me derrotar, eles vão ter que me enfrentar nas ruas desse país

Em seu discurso, o ex-presidente, com a voz embargada pelo choro, defendeu realizações de seu governo que, de acordo com ele, incomodou "as elites deste país". Lula citou o aumento real do salário mínimo e do poder de compra do trabalhador, as cotas para negros na universidade.

"Eu sei que embora todo mundo, os banqueiros e os empresários, ganhassem muito dinheiro no meu governo, eu sei que meu governo incomodou muita gente, pois os pobres passaram a frequentar teatro, os pobres passaram a querer frequentar cinema. Os pobres passaram a frequentar o Parque Ibirapuera. As pessoas passaram a ter o direito de não viajar para o Nordeste de ônibus, mas sim de avião. As pessoas passaram a querer ir para Bariloche, as pessoas passaram a querer viajar para Miami", declarou o ex-presidente.

O ex-presidente foi ovacionado pelo público presente, que gritou palavras de ordem contra a TV Globo. O ex-presidentee lembrou que foi preso durante a ditadura militar [em 1980], quando era presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo e Diadema. Lula disse também que sempre respeitou as regras do jogo democrático quando foi derrotado nas eleições presidenciais de 1989, 1994 e 1998.