Protesto em SP tem duas unanimidades: apoio a Sérgio Moro e ataques ao PT
Se a avenida Paulista fosse uma passarela, a tendência do "desfile" deste domingo (13) estaria clara: louvar Sérgio Moro e atacar PT, Lula e Dilma está na moda. O apoio ao juiz da Lava Jato e a oposição ao partido da presidente estavam nas roupas, nos adereços e nas palavras dos manifestantes que tomaram a rua símbolo de São Paulo.
"Moro representa a justiça. Está sendo firme, objetivo. A gente precisa de um pouco de moralidade nesse país. O PT abusou de tudo", disse Luciana Figueiredo, ao lado do filho de 7 anos.
Luciana e o filho são quase um resumo do público presente: muitas famílias com crianças, todos "vestidos" de protesto, nas cores da bandeira nacional. No caso deles, o traje era uma camisa que dizia "Vai Moro" na frente e "Fora Dilma" no verso, com direito a uma estampa de uma mão com quatro dedos, em alusão ao ex-presidente Lula.
"Fui num aniversário de um conhecido ontem e ele ofereceu (as camisas) para quem quisesse. Havia umas 50. Fiz questão de pegar a minha e a do meu filho", contou Luciana.
"A gente precisa mudar não só o PT"
Além das camisas e cartazes pró-Moro e anti-PT, dominaram a paisagem pequenos "pixulecos" --bonecos infláveis de Lula e Dilma vestidos de presidiários. Faltaram, por outro lado, menções contra ou a favor de outros políticos investigados pela Operação Lava Jato, com exceção de uma solitária placa de "fora Renan", em alusão ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB).
Os bonecos de Lula e Dilma estavam mais seguros do que os políticos que se arriscaram a aparecer em carne e osso. Os tucanos Aécio Neves e Geraldo Alckmin, teoricamente em território amigo, tiveram pouco sucesso. O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSC-SP), filho de Jair Bolsonaro, esboçou um curto discurso no trio elétrico do MBL (Movimento Brasil Livre) e foi mais vaiado que aplaudido.
"A gente precisa mudar não só o PT. Tem muitos políticos de outros partidos que acabam nos lesando financeiramente, moralmente. Então, a gente tem que mudar não só o partido, mas os políticos", disse Fábio Almeida, que foi, pela primeira vez, sozinho à Paulista para protestar contra o governo.
Almeida era um dos muitos manifestantes que levavam cartazes distribuídos pela rede Habib's com o mote "todo mundo se ajudando pelo Brasil". A iniciativa privada também marcou posição com os patos infláveis distribuídos pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
"Uma salva de vaias para mim!"
Dentro do uníssono "fora PT", as estratégias variaram de acordo com o ponto da avenida. Perto da estação Brigadeiro do metrô, militantes em dois trios elétricos declaravam apoio a uma "intervenção militar constitucional". Quase todos homens, defendiam as polícias e as Forças Armadas com frases de efeito em defesa do Brasil. O patriotismo era reforçado por constantes execuções do Hino Nacional e até do hino da Independência ("Ou ficar a pátria livre ou morrer pelo Brasil").
Mais adiante, rumo à rua da Consolação, vinha o trio elétrico do movimento Vem Pra Rua, que contava com alto-falantes até em ruas paralelas à Paulista. De cima do caminhão, um jovem motivava a multidão ("Vocês estão fazendo história!") pouco antes de o sistema de som executar "Rádio Pirata", do RPM, com o aval do próprio Paulo Ricardo.
"Basta de votar no Tiririca! Política é coisa séria", disse o cantor de cima do trio.
Já em frente ao Masp (Museu de Arte do São Paulo), era a vez do trio do MBL (Movimento Brasil Livre). No palanque e na rua, era aparentemente o movimento mais jovem - e talvez por isso o mais irreverente. Representantes do movimento comandavam um misto de micareta ("Levanta a mão quem é contra o PT") e torcida de futebol, com bateria marcando o ritmo dos gritos de guerra. Teve até sátira do Movimento Passe Livre ("Quem não pula é petista" em vez de "Quem não pula quer tarifa") e discurso de um falso Lula.
"Eu não presto! Uma salva de vaias para mim", dizia a gravação de um imitador, enquanto um rapaz com uma máscara do ex-presidente tentava sincronizar os gestos com o som.
Com a Paulista já ficando vazia, o pipoqueiro André Silva contava ser um veterano de manifestações anti-PT. Achou que "essa bombou" e deixou claro seu objetivo no protesto.
"Hoje, eu estou neutro, vim aqui para ganhar o meu", disse após contabilizar mais de 200 saquinhos de pipoca vendidos a R$ 5. "Eu não sou de nenhum lado. Só quero que melhore o Brasil."
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