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Primeiro preso pela Lava Jato no exterior morava em apartamento de luxo

Raul Schmidt Felippe Junior tem dupla cidanania e foi preso em Lisboa - Reprodução/YouTube
Raul Schmidt Felippe Junior tem dupla cidanania e foi preso em Lisboa Imagem: Reprodução/YouTube

Do UOL, em São Paulo

21/03/2016 10h23

A 25ª fase da Operação Lava Jato realizou nesta segunda-feira (21) a prisão de Raul Schmidt Felippe Junior, apontado pela Polícia Federal como um intermediário entre Jorge Zelada, ex-diretor da área internacional da Petrobras, e empresas envolvidas no esquema de corrupção da estatal.

Detido em Lisboa, Schmidt foi o primeiro nome encontrado pela força-tarefa da Polícia Federal no exterior em dois anos de investigações. Ele trabalhou na Petrobras por 17 anos, entre 1980 e 1997, e teve a prisão decreta pelo juiz Sérgio Moro em julho do ano passado.

Nascido no Brasil, Raul Schmidt tem também nacionalidade portuguesa. Na capital portuguesa, escondeu-se em um apartamento localizado em área nobre da cidade avaliado em 3 milhões de euros (R$ 12,2 milhões), segundo levantamentos preliminares do Ministério Público Federal brasileiro.

Ele tem imóveis ainda no Rio de Janeiro, em Paris e em Genebra – na cidade suíça, fica a sede da TVP Solar, empresa de Schmidt em parceria com Zelada.

Desde que deixou a estatal, negociou contratos da própria Petrobras com empresas como Samsung Heavy Industries, Pride e Sevan Marine, investigados pela Justiça brasileira.

Em 2001, o empresário se tornou sócio da norueguesa Sevan Marine, responsável pela construção de plataformas de petróleo na costa brasileira. O negócio prosperou nos anos seguintes, mas investigações apontam que parte dos lucros era desviada para a Etesco, uma offshore nas Ilhas Virgens Britânicas.

Em 2007, Schmidt deixou a Sevan e abriu uma empresa própria. Um ano depois, porém, a empresa do brasileiro apareceu como agenciadora em um contrato da própria companhia norueguesa com a Petrobras.

O envolvimento de Schmidt com o esquema investigado data justamente de 2008, quando a Petrobras contratou a empresa norta-americana Pride para perfurar um campo de petróleo no Golfo do México. O contrato, segundo auditoria posterior da própria Petrobras, custou R$ 118 milhões a mais do que o previsto.

A Pride encomendou um navio-sonda à Samsung Heavy Industries, que pagou uma comissão de US$ 3 milhões à empresa controlada por Schmidt  pela venda do navio-sonda à Pride.

Na época, Schmidt transferiu US$ 4 milhões ao empresário francês Judas Azuelos, repassou US$ 2 milhões à Milzart Overseas, empresa controlada por Renato Duque (antecessor de Zeladas na Petrobras) em Mônaco.

A investigação determinou o bloqueio de bens de Schmidt em julho de 2015, no valor de R$ 7 milhões, e expediu sua ordem de prisão. Na época, o empresário morava em Londres, onde mantinha uma galeria de arte; desde então, era considerado foragido.

Em outubro de 2015, a Justiça norueguesa apontou indícios de envolvimento da empresa Sevan Drilling (um braços da Sevan Marine) em questão com os casos de propina da Petrobras, referentes a negociações entre 2005 e 2008.

Representante da companhia no Brasil até 2007, Schmidt seria o responsável por receber os pagamentos do estaleiro, de forma a maquiar recursos desviados da Petrobras, segundo as investigações.