Dirceu quer bilionário Carlos Slim como testemunha de defesa na Lava Jato
Os advogados do ex-ministro José Dirceu pediram que autoridades mexicanas colham o depoimento do bilionário Carlos Slim. O objetivo é que o quarto homem mais rico do mundo confirme os serviços de consultoria prestados a ele por Dirceu, preso em Curitiba, desde agosto pela Operação Lava Jato.
A defesa de Dirceu deseja que também sejam ouvidos como testemunhas, o banqueiro e também bilionário Ricardo Salinas e o executivo Luis Nino Riveira, ambos da instituição financeira Azteca e da Elektra Del Milenio, maior rede de varejo do México.
O ex-ministro é réu em uma das ações penais da Lava Jato, presididas pelo juiz federal Sergio Moro, titular da 13ª Vara Federal de Curitiba. Acusado de receber R$ 11,8 milhões em propina de empresas com contratos com a Petrobras, Dirceu responde pelos crimes de corrupção passiva qualificada, organização criminosa e lavagem de dinheiro.
Para os procuradores da República que atuam na Força-Tarefa da Lava Jato, Dirceu usou sua empresa JD Assessoria e Consultoria Ltda para simular serviços prestados e assim ocultar dinheiro recebido ilegalmente. A defesa nega a acusação e afirma que as testemunhas podem comprovar que os serviços de consultoria foram realizados e consistiam, na maioria das vezes, na exploração de negócios no exterior, especialmente em países da América Latina.
Pelo menos outras duas pessoas já foram ouvidas no Peru, por autoridades desse país. Entre eles, o ex-presidente e mais uma vez candidato Alan Garcia. Os depoimentos constam nos autos do processo.
México pede mais informações
O pedido da defesa de Dirceu já havia sido aprovado por Moro, que, por sua vez, pediu a colaboração das autoridades mexicanas, por meio do Ministério da Justiça do Brasil. Porém, a diretora de Assistência Jurídica Internacional do México, Keila Román Villegas, afirmou em ofício ao órgão brasileiro que o pedido não cumpria os requisitos para que fosse atendido. Ela exigiu mais informações sobre o envolvimento das testemunhas com a ação penal e explicações detalhadas sobre como seus depoimentos poderiam elucidar os fatos investigados.
Comandada pelo criminalista Roberto Podval, a defesa de Dirceu juntou aos autos do processo na última quinta-feira (17) ofício enviado às autoridades mexicanas em que explica o porquê da necessidade de se ouvir Slim, Salinas e Riveras. O ofício foi enviado nas versões em português e espanhol.
“Com efeito esclarece, pontualmente, que Carlos Slim é empresário do grupo Telmex, para quem José Dirceu prestou consultoria; Ricardo Salinas trabalha no grupo Salinas, com o qual José Dirceu mantinha contato para a prospecção de negócios; e, por fim, Luis Nino Rivera, poderá atestar a relação profissional entre entre a JD Assessoria e Consultoria Ltda. e a empresa Elektra Del Milênio, assim como os serviços de consultoria prestados a essa empresa”, afirmam os advogados do ex-ministro.
“Sendo a prova testemunha a única capaz de demonstrar que a improcedência das acusações do Ministério Público Federal, é indispensável o testemunho das três pessoas indicadas. Por essa, razão a defesa do acusado insiste que sejam colhidas suas declarações”, concluem.
Ex-homem mais rico do mundo
Entre os anos de 2007 a 2012, Carlos Slim Helú, 76, foi considerado o homem mais rico do mundo, de acordo com ranking da revista Forbes. Atualmente em quarto lugar, o mexicano tem uma fortuna estimada em US$ 52,8 bilhões (cerca de R$ 202,5 bilhões). Em 2015, maus investimentos resultaram na perda de US$ 20 bilhões (cerca de R$ 72 bilhões).
De acordo com a Bloomberg, Slim controla a America Movil, maior operadora de celulares nas Américas (Claro, Embratel e Net). Ele também investe no setor bancário (Inbursa) e mineração (Minera Frisco), assim como participações em companhias de capital aberto como Philip Morris, New York Times e Caixabank. Através da holding de sua família, Grupo Carso, o bilionário mantém negócios na indústria de construção mexicana.
Consultoria de Dirceu faturou R$ 39,1 milhões.
Em abril de 2015, a Folha informou que a empresa de Dirceu faturou R$ 39,1 milhões entre 2006 e 2013. Deste total, R$ 9,7 milhões foram recebidos no exterior. Pagamentos de Slim à JD foram feitos através da Teléfonos de México, mas a natureza específica dos serviços prestados não foi divulgada. Já Salinas fez pagamentos à JD por meio da Elektra Del Milenio. Na época em que contratou o ex-ministro, o grupo de Salinas preparava a expansão para o Brasil das operações do Banco Azteca, voltado a clientes de baixa renda. O banco abriu sua sede no Recife em 2008.
Em janeiro de 2008, Dirceu confirmou à revista Piauí que tinha como clientes de sua consultoria Carlos Slim e Ricardo Salinas.
O petista abriu a empresa em 2006, depois de ter o mandato de deputado federal cassado pela Câmara sob a acusação de comandar o mensalão, pelo qual foi condenado posteriormente pelo STF (Supremo Tribunal Federal). O ex-ministro foi preso em Brasília, onde cumpria prisão domiciliar, durante a 17ª fase da Operação Lava Jato.
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