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É uma guerra, diz Lula sobre conquista de votos

placar impeachment com dilma na imagem - Arte/UOL - Arte/UOL
Imagem: Arte/UOL

Felipe Amorim

Do UOL, em Brasília

16/04/2016 11h23

Mais rouco que o normal, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, um dos principais articuladores para barrar o impeachment de Dilma Rousseff, afirmou neste sábado (16) que é preciso “conversar 24 horas” com os políticos na tentativa de conseguir apoio ao governo na votação deste domingo (17).

Lula participou de evento contra o impeachment organizado por movimentos sociais e sindicais no estacionamento do ginásio Nilson Nelson, em Brasília. A presidente era esperada no evento, mas cancelou de última hora sua participação, priorizando a articulação com parlamentares.

“Ainda tenho três governadores para conversar. É uma guerra de sobe e desce, parece a Bolsa de Valores. Tem hora em que o cara está com a gente, tem hora em que não está mais. E você tem que conversar 24 horas por dia”, afirmou Lula, em discurso que durou pouco menos de dez minutos.

Lula com os coordenadores do MST, João Pedro Stédile, e do MTST, Guilherme Boulos (à direita) - Márcio Neves/UOL - Márcio Neves/UOL
Lula com os coordenadores do MST, João Pedro Stédile, e do MTST, Guilherme Boulos (à direita)
Imagem: Márcio Neves/UOL

Lula fez a afirmação ao justificar por que não poderia permanecer por mais tempo no evento. O ex-presidente fez um discurso rápido, no qual defendeu as manifestações contra o impeachment e voltou a classificar o processo de afastamento da presidente como um “golpe”, reforçando que disputou três eleições antes de conquistar a Presidência.

"Se Temer quer ser candidato, não tente através de um golpe. Ele espere chegar 2018. O PMDB é um partido grande, ele se candidata e vamos para as urnas, vamos debater, convencer o povo quem é que pode ser melhor para este país”, afirmou Lula.

“Nossa luta é pela democracia, é pelo respeito à democracia, ao estado de direto. E é por isso que precisamos conversar com os deputados, tentar convencê-los de que não podemos habituar este país a viver de golpe em golpe”, disse o ex-presidente.

Elite não gosta de democracia

Lula afirmou ainda que a "elite brasileira" não gosta muito de democracia e citou ex-presidentes. Insinuou ainda que uma renúncia da presidente está descartada.

"Esse é o mais longo período de democracia da história do Brasil. Mas me parece que a elite brasileira não gosta muito de democracia. Porque Getúlio Vargas governou com mão de ferro por 15 anos. Bastou ele governar por quatro anos democraticamente que fizeram ele se matar. Ele não suportou e se matou. O João Goulart era presidente de fato e de direito quando Jânio Quadros renunciou. Emplacaram o parlamentarismo para o Tancredo [Neves] ser o primeiro-ministro para o João Goulart voltar. Primeiro, nós não vamos nos matar. Nós gostamos da vida. E nós não vamos nos exilar, vamos mudar este país."

Em um momento, Lula rebateu o grupo pró-impeachment. "Esse negócio de ficar criticando o vermelho… manda um 'coxinha' cortar o dedo e ver se o sangue sai amarelo ou vermelho. Não!", disse. "Nós cansamos de fazer movimento neste país. Vocês nunca viram a gente pregar a discórdia, o ódio. Nós nunca ofendemos ninguém no bar, no restaurante, no aeroporto. Porque nós sabemos conviver democraticamente na diversidade."

Discurso de Lula durou pouco menos de dez minutos - Lalo de Almeida/Folhapress - Lalo de Almeida/Folhapress
Discurso de Lula durou pouco menos de dez minutos
Imagem: Lalo de Almeida/Folhapress

Já no fim de seu discurso, Lula pediu que os movimentos sociais dessem o exemplo no domingo e evitassem qualquer tipo de confusão.

"Não podemos aceitar provocações. Está cheio de televisão para dizer mais uma vez que o movimento popular, o movimento sindical, o sem-terra, é baderneiro. Somos trabalhadores. Baderneiro é quem quer derrubar a Dilma", disse Lula.

O ato é realizado na reta final para a votação do processo de impeachment pela Câmara dos Deputados, prevista para ter início às 14h deste domingo (17).

Disputa na reta final

Governo e oposição travam uma disputa pelo voto dos parlamentares na qual a menor diferença pode ser decisiva.

Diante do pequeno fôlego conquistado por Dilma, o vice-presidente Michel Temer (PMDB) decidiu voltar a Brasília para comandar de perto as articulações pró-impeachment. O plano inicial do peemedebista era permanecer em São Paulo durante o fim de semana.

No domingo, a Câmara dos Deputados decide se concede autorização para que o Senado abra processo de impeachment contra Dilma. Se o processo passar na Câmara, onde é preciso 342 votos dos 513 deputados, ele precisa ser votado novamente no Senado, onde são necessários 41 votos entre os 81 senadores.

Uma vez instaurado o processo no Senado, a presidente fica afastada temporariamente de suas funções até que o julgamento seja concluído.

Nesse caso, assume o cargo o vice, Michel Temer, e o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), passa a ser o próximo na linha sucessória da Presidência da República.

Placar do impeachment

Levantamento diário do jornal "O Estado de S. Paulo" mostra como os deputados estão direcionando seus votos para o impedimento ou não da presidente Dilma Rousseff.

Para ver o placar atualizado, acesse o endereço: http://zip.net/bfs8bd (URL encurtada e segura).

(Com Estadão Conteúdo)