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'Não posso botar a mão no fogo por Temer', diz Delcídio

O senador cassado Delcídio do Amaral durante o programa "Roda Viva" - Divulgação/TV Cultura
O senador cassado Delcídio do Amaral durante o programa 'Roda Viva' Imagem: Divulgação/TV Cultura

Do UOL, em São Paulo

16/05/2016 23h06

O ex-senador Delcídio do Amaral (sem partido-MS), cujo mandato foi cassado na semana passada, disse na noite desta segunda-feira (16), em entrevista no programa "Roda Viva", da TV Cultura, que não "botaria a mão no fogo" pelo presidente interino Michel Temer.

Delcídio deu tal declaração ao ser questionado sobre o trecho de sua delação premiada em que diz que Temer endossou a indicação de Jorge Zelada, preso na operação Lava Jato, para ser diretor internacional da Petrobras.

Investigado na operação Lava Jato, Zelada foi condenado em primeira instância à prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. "Eu não posso botar a mão no fogo por ele [Temer] porque eu não conheço as relações dele", disse Delcídio. "Eu prefiro acreditar que ele tenha endossado a indicação da bancada [do PMDB]", afirmou.

Em entrevista ao "Fantástico", da Rede Globo, Temer disse que as nomeações foram indicações. "Eu era presidente do partido e, quando as bancadas iam indicar alguém para um cargo, me apresentavam um cidadão. No caso presente, foi precisamente isso que se deu: apresentaram-me o cidadão, que foi nomeado depois diretor da empresa", disse o presidente interino.

"Obstruir Lava Jato foi um deslize"

No programa, o senador cassado reafirmou que cometeu um "deslize" ao tentar obstruir as investigações da operação Lava Jato. Delcídio foi gravado participando de uma reunião para planejar a fuga de Nestor Cerveró, ex-diretor da Petrobras, para que este não colaborasse com a operação.

O ex-senador afirmou ter agido a mando do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da presidente Dilma Rousseff. "Passei dos limites", disse Delcídio, quando questionado sobre o motivo pelo qual aceitou as supostas ordens. "Eu acabei cometendo este deslize. Obstrução de Justiça é uma falha grave, não deveria ter feito isso."

Em depoimento à Procuradoria-Geral da República (PGR), em abril passado, Lula se defendeu das acusações contra ele que constam na delação do senador cassado. Lula negou que teria participado do esquema para tentar impedir que Cerveró fechasse delação premiada no âmbito da Operação Lava Jato.

Lula negou ainda que tivesse conhecimento de um grande esquema de corrupção na empresa. Na época, Dilma também negou, em nota, que tivesse conhecimento do chamado petrolão.