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Réu em 5 processos, Lula diz que será candidato outra vez "se necessário"

Franco Adailton

Colaboração para o UOL, em Salvador

11/01/2017 14h03

Apesar de não ter sido lançado oficialmente como pré-candidato do PT à Presidência da República nas eleições de 2018, lideranças do partido e do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) que participam do 29º Encontro Estadual do MST nesta quarta-feira (11), em Salvador, afirmaram que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é "candidato permanente".

Em discurso, o próprio Lula disse que "se for necessário" vai ser candidato outra vez. "Se preparem, porque, se for necessário, vou ser candidato outra vez [em 2018]. Não para disputar, mas para ganhar e recuperar a autoestima desse país, a economia, a credibilidade", afirmou em seu primeiro ato público de 2017.

Durante sua fala, Lula era interrompido pelo público com o grito "Brasil pra frente, Lula presidente".

Líder em todos os cenários de primeiro turno para 2018 em pesquisa Datafolha realizada em dezembro do ano passado, o ex-presidente é réu em cinco ações na Justiça, sendo três no âmbito da Operação Lava Jato

"Todo mundo quer ser presidente, o [juiz Sergio] Moro, o [ministro das Relações Exteriores, José] Serra, [o governador de São Paulo, Geraldo] Alckmin, o Grampinho [apelido pejorativo do prefeito de Salvador, ACM Neto]. Ótimo. Mas eles não podem é tomar o governo na marra, têm que disputar na urna", disse Lula.

Lula também acusou Moro, responsável pela Operação Lava Jato em primeira instância, de ter participação no impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, que ele classificou de golpe.

"A bancada do PT tem a obrigação de investigar a participação do governo americano no golpe, em parceria com Moro. O Brasil é independente há 500 anos e não vamos aceitar interferências estrangeiras", disse. "Eles não estão apenas tentando me criminalizar, mas criminalizar meu governo", declarou.

Segundo a coluna da jornalista Mônica Bergamo no jornal "Folha de S. Paulo", o PT tem esperança de que o STF (Supremo Tribunal Federal) garanta a Lula o direito de disputar a eleição presidencial de 2018, ainda que ele vire ficha suja, caso seja condenado em segunda instância.

O ex-presidente afirmou ainda que vai percorrer o Brasil para recuperar a imagem do PT. "Eu não vou desonrar minha mãe, pois ela me ensinou a nunca pegar nada de ninguém. Eu ando de cabeça erguida", acrescentou.

Na quinta-feira (12), Lula vai a Brasília para participar do Congresso Nacional da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação.

Stédile: "Lula é o candidato permanente do povo pobre"

Durante o evento, que acontece no Parque de Exposições Agropecuárias, o presidente nacional do MST, João Pedro Stédile, afirmou que ter Lula como candidato à Presidência é a vontade do “povo brasileiro”.

"Aqui está o contingente de militantes que há 30 anos lutam para ver a terra dividida. Nós não precisamos desse evento para lançar o Lula presidente, porque ele é o candidato permanente do povo pobre brasileiro", afirmou.

Stédile disse ainda quer a saída para a crise econômica que o Brasil enfrenta é política e questionou a representatividade do atual presidente Michel Temer. “A burguesia fechou com Temer, mas ele não reapresenta nada, é aprovado apenas por 8% da população", disse.

Falcão: "O PT ainda não tomou essa decisão"

O presidente do PT, Rui Falcão, no entanto, afirmou que o partido ainda não tomou a decisão de se Lula será ou não o candidato. "O PT ainda não tomou essa decisão [de lançar a candidatura de Lula em 2018], mas sentimos que é um clamor nacional, dos trabalhadores, de vários campos da sociedade, de que Lula deva ser candidato", disse.

A presença do ex-presidente tem o objetivo de unificar bandeiras e aproximar o PT dos movimentos sociais. O PT pretende lançar Lula como candidato a Presidência em 2018.

Ao nomear Lula candidato, o PT tem dois objetivos. Um deles é reforçar a defesa de Lula. Os defensores da ideia acreditam que, ao se colocar publicamente como candidato, o ex-presidente poderá se blindar parcialmente da força-tarefa em Curitiba. Em segundo lugar, o partido tiraria proveito da baixa popularidade do governo Temer.

A pré-candidatura de Lula reforçaria ainda o discurso do PT, que acusa a Lava Jato de querer criminalizar as ações de seu líder máximo e do partido.