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PT de SP quer que Justiça investigue caixa 2 em campanha de vereador do MBL

Renato S. Cerqueira/Futura Press/Estadão Conteúdo
Imagem: Renato S. Cerqueira/Futura Press/Estadão Conteúdo

Janaina Garcia

Do UOL, em São Paulo

15/03/2017 04h00

O diretório municipal do PT informou nesta terça-feira (14) que vai encaminhar representação à Justiça para que o vereador Fernando Holiday (DEM) seja investigado por suposta prática de caixa 2 durante a campanha de 2016. Ele foi eleito ano passado depois de ganhar projeção nos protestos pelo impeachment de Dilma Rousseff (PT) como uma das lideranças do MBL (Movimento Brasil Livre).

A medida será apresentada esta semana com base em reportagem publicada na segunda-feira (13) pelo Buzzfeed. Segundo o site, a campanha de Holiday, estreante no legislativo, teria usado caixa 2 para pagamento de cabos eleitorais. A reportagem divulgou planilhas com nomes e documentos de 26 cabos eleitorais que teriam recebido em dinheiro vivo da campanha, mas sem que os pagamentos fossem declarados à Justiça Eleitoral. Os pagamentos seriam realizados ao final de cada dia de panfletagem na praça de alimentação de um shopping na avenida Paulista (região central de SP).

De acordo com o presidente do diretório municipal do PT, Paulo Fiorilo, a representação à justiça deve ser feita nesta quarta (15) ou quinta-feira (16).

“Vamos pedir que seja investigada a afirmação de que ele fez uso de caixa 2 para se eleger, ainda que achemos que esse é um problema que tenha de ser tratado de forma geral”, disse Fiorilo, que ressalvou: “Mas o caso do Holiday é mais grave por conta discurso dele e do MBL antes de se eleger. [A suposta prática de caixa 2] está muito longe da prática que eles pregaram como as corretas. Então, que a Justiça se manifeste, defina qual instância deve investigar para se avaliar o que, de fato, ocorreu”, completou.

Investigação precisa ser feita "na esfera criminal", defende promotor

Para o promotor José Carlos Bonilha, que atuou como promotor eleitoral à época da prestação de contas de campanha –ele deixou a função em 9 de janeiro deste ano --, “há indícios de que há uma grande inconsistência na prestação de contas do hoje vereador.

“E há indícios de que houve ou uma omissão de informações que deveriam estar na prestação de contas, ou uma inserção de dados falsos. Mas isso é algo que precisaria ser investigado na esfera criminal, pela Polícia Federal, já que o prazo para questionamento da prestação de contas encerrou 15 dias após a diplomação do candidato”, explicou.

Promotora atual da área eleitoral, Ana Beatriz Frontini informou que precisa "ter acesso às planilhas com os nomes dos cabos eleitorais" para analisar se encaminha o caso a investigação. A reportagem preservou a identificação completa das testemunhas.

Ao Buzzfeed, Holiday refutou práticas ilegais na própria campanha e alegou que “todas as despesas de sua campanha à Câmara dos Vereadores de São Paulo foram declaradas à Justiça Eleitoral.”

De acordo com Bonilha, contudo, “o fato de não haver irregularidade na prestação de contas não significa que, amanhã ou depois, tenha algo que venha a ser apurado”. “Isso não impede que haja responsabilidade sobre eventuais irregularidades descobertas depois da prestação. É o que se investiga, por exemplo, em relação à chapa Dilma/Temer mesmo três anos depois da eleição de 2014”, comparou. A chapa é investigada pela suposta prática de caixa 2.

O UOL tentou contato telefônico com Holiday durante a tarde e no início da noite, mas ele não atendeu as ligações. Contatada sobre as manifestações do presidente municipal do PT e do promotor, a assessoria do vereador também não respondeu aos questionamentos, feitos por e-mail, até esta publicação.