Topo

No Vaticano, Doria pede que papa Francisco reconsidere decisão de não vir ao Brasil

Datafolha: Doria tem aprovação recorde em São Paulo

redetv

Do UOL*, em São Paulo

19/04/2017 07h22Atualizada em 19/04/2017 10h57

Em rápido encontro com o papa Francisco no Vaticano na manhã desta quarta-feira (19), o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), pediu que o pontífice reconsidere a decisão de não vir ao Brasil para a comemoração dos 300 anos da aparição de Nossa Senhora Aparecida. "Difícil, mas espiritualmente estou com você”, disse o papa a Doria, que esperou uma hora e meia pela audiência.

Nesta semana, Francisco enviou uma carta ao presidente Michel Temer (PMDB) dizendo que recusaria o convite de vir ao Brasil em outubro e cita a crise no país como um dos motivos. Em 2013, durante visita ao Brasil em função da Jornada Mundial da Juventude, o papa havia prometido retornar ao Santuário Nacional, em Aparecida (SP), para a festa de 2017.

O prefeito paulistano --que estava acompanhado de sua mulher, Bia Doria, e sua filha Carolina-- criticou o Vaticano. “Acredito, sinceramente, que a orientação dada ao papa Francisco --um homem bom, de boa natureza, um homem sereno, equilibrado-- talvez não tenha sido a melhor ao dizer a ele que não deveria considerar a hipótese de estar no Brasil em uma data tão importante”, disse a jornalistas após o encontro.

O prefeito paulistano encontrou-se com o pontífice nesta quarta no Vaticano - Divulgação - Divulgação
O prefeito paulistano encontrou-se com o pontífice nesta quarta no Vaticano
Imagem: Divulgação

“Eu entendo que talvez --não quero aqui fazer juízo, nem me cabe-- não tenha havido uma orientação adequada ao santo padre porque não estar presente numa data tão importante quanto essa não me parece, talvez, a melhor medida. Mas quem sou eu para julgar o papa?”, comentou Doria.

O prefeito disse considerar Francisco “um revolucionador”. “Vem fazendo, à frente de seu papado, mudanças e transformações para modernizar a Igreja Católica”, comenta o prefeito. “Talvez um dos maiores nomes do século e uma figura papal que vai deixar o seu nome registrado para toda a história”.

Em vídeo divulgado pela assessoria de imprensa da prefeitura, Doria aparece dando uma bandeira do Brasil ao papa. Em entrevista, o tucano disse que também entregou uma camisa da seleção brasileira assinada por todos os jogadores e um exemplar do livro "Genesis" do fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado.

Crise

A carta do papa a Temer foi uma resposta a um convite enviado no fim de 2016 pelo governo brasileiro."Sei bem que a crise que o país enfrenta não é de simples solução, uma vez que tem raízes sócio-político-econômicas, e não corresponde à Igreja nem ao papa dar uma receita concreta para resolver algo tão complexo", escreveu o pontífice.

"Porém não posso deixar de pensar em tantas pessoas, sobretudo nos mais pobres, que muitas vezes se veem completamente abandonados e costumam ser aqueles que pagam o preço mais amargo e dilacerante de algumas soluções fáceis e superficiais para crises que vão muito além da esfera meramente financeira", acrescentou Francisco.

Para 2017, Francisco já tem viagens programadas ao Egito, a Fátima, em Portugal, à Colômbia, à Índia, a Bangladesh e ao continente africano.

"Humildade é algo que não falta a um papa. Especialmente ao papa Francisco. Voltar atrás é prova de grandeza. E espero, sinceramente, que o papa possa revisar essa decisão e ir ao Brasil no próximo mês de outubro", disse Doria após o encontro.

Lava Jato

Na Itália, onde foi realizada a Operação "Mãos Limpas", que inspirou a "Lava Jato", Doria disse que ela ajudará o Brasil "a ser um país melhor". "É um momento de renovação, eu diria, da questão da Justiça e de fazer Justiça, de apurar o que precisa ser apurado, garantir o direito de defesa a quem está acusado, a quem está indiciado".

Notório crítico do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do PT, o prefeito diz que operação faz o Brasil ser passado a limpo. "Acho que isso vem acontecendo, vem ocorrendo, O Brasil já sofreu demais, especialmente nos últimos 13 anos", em referência ao período em que o país foi governado por Lula e pela ex-presidente Dilma Rousseff (PT), entre 2003 e 2016.

Tido como provável candidato à Presidência da República pelo PSDB em 2018 após a lista de Fachin atingir os três presidenciáveis tucanos, Doria desconversou sobre retornar a Roma como presidente. "Eu pretendo voltar, sim, para cumprimentar o papa Francisco, pedir sua bênção como cidadão, como brasileiro, como católico".

(Com Estadão Conteúdo)