Análise: Concluir voto depois de 4 dias foi estratégia de relator de ação contra chapa
Levou quatro dias para que o ministro Herman Benjamin, relator do processo contra a chapa Dilma Rousseff-Michel Temer no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), concluísse o seu voto, rejeitando a separação da chapa e pedindo a cassação do mandato do agora presidente Temer --que era vice de Dilma. E essa é apenas uma parte do rito do julgamento que pode tirar Temer do Palácio do Planalto, iniciado na terça-feira (6).
Mas as decisões colegiadas da Corte não costumam ser tão demoradas.
Segundo o advogado especialista em direito eleitoral e membro fundador da Abradep (Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político) Francisco Octávio de Almeida Prado Filho, essa demora se deu por uma estratégia do próprio relator de falar não apenas para os demais ministros, para os advogados das partes, mas para toda a sociedade.
“Claro que isso se deve pelo grau de repercussão e pela importância do caso, mas também por uma estratégia de expor cada detalhe do seu pensamento e tudo aquilo que levou em consideração na hora de julgar”, disse Prado Filho, que acompanhou a sessão desta manhã do julgamento na redação do UOL.
Durante todas as suas colocações, feitas desde a terça, Herman menciona estudantes presentes na sessão, o que segundo Prado Filho, demonstra que o tom didático adotado pelo relator tem como razão o interesse da sociedade pelo desfecho do processo aberto pelo PSDB em 2014.
“Fala para todo o país com essa preocupação de ser sempre muito didático e antecipar possíveis argumentos contrários. Dá seu voto da maneira mais completa possível e com isso acaba sendo até repetitivo”, diz.
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