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Interino, Maia deve articular base aliada na Câmara contra denúncia da PGR a Temer

7.jun.2017 - O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o presidente Temer em cerimônia no Planalto - Evaristo Sá/AFP
7.jun.2017 - O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o presidente Temer em cerimônia no Planalto Imagem: Evaristo Sá/AFP

Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

19/06/2017 18h06

Como presidente interino da República devido à viagem de Michel Temer (PMDB) à Rússia e à Noruega iniciada nesta segunda-feira (19), o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ficará responsável pela articulação política da base aliada na Casa para barrar a possível denúncia da PGR (Procuradoria-Geral da República) contra Temer.

Há pelo menos duas semanas, o Planalto trabalha com uma denúncia a ser apresentada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra Temer. A denúncia deve ser baseada na delação premiada do empresário da JBS Joesley Batista.

Segundo gravação entregue por Joesley ao MPF (Ministério Público Federal), o presidente não teria se oposto a uma suposta compra de silêncio do ex-presidente da Câmara e deputado cassado, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e do doleiro Lúcio Funaro, ambos presos na operação Lava Jato. De acordo com a fita, cuja perícia ainda não foi finalizada, Temer também teria conhecimento de outros crimes cometidos pelo grupo JBS e integrantes do governo.

Para que a denúncia seja barrada no plenário da Câmara e não seja analisada pelo STF (Supremo Tribunal Federal), o governo precisa de 172 votos contra o pedido de Janot. O peemedebista já é alvo de inquérito no STF por corrupção passiva, obstrução à Justiça e organização criminosa. Temer, porém, nega qualquer envolvimento em irregularidades.

Segundo um assessor de Temer ao UOL, Maia deve promover uma reunião com líderes do governo no parlamento e outros aliados para discutir a questão até quarta-feira (21). A atuação de Maia nessa semana é vista como fundamental pelo Planalto para consolidar os votos favoráveis a Temer na Câmara, ainda mais que o ministro Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo), responsável pela articulação política, integra a comitiva da ida ao exterior.

Essa é a sexta vez que Rodrigo Maia assume a Presidência como interino. Ao todo, até a viagem desta segunda, Rodrigo Maia já ficou 23 dias no cargo. Desde que assumiu a Presidência, Michel Temer viajou cinco vezes ao exterior. Ele visitou China, Estados Unidos, Argentina, Paraguai, Índia, Japão e Portugal. Na condição de presidente da Câmara e pelo fato de o Brasil não contar com um vice-presidente no momento, Maia é o próximo na linha sucessória.

No entanto, ele não ficará em Brasília nesta segunda. De acordo com a sua assessoria, Maia viajará para Salvador, na Bahia, onde se reunirá no início da tarde com o prefeito da cidade, ACM Neto (DEM-BA). A pauta do encontro não foi divulgada.

Oficialmente, Maia só assume a Presidência por volta das 18h, quando Temer sair do espaço aéreo brasileiro. O retorno do interino para Brasília está previsto para as 19h. Já Michel Temer deve chegar a Brasília na sexta-feira (23).

Maia também é investigado pelo STF

Rodrigo Maia também é investigado no STF. No caso, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro derivadas de doações suspeitas da empreiteira OAS. O Supremo investiga se Maia favoreceu a construtora na Câmara em troca de doações para campanhas eleitorais, que não teriam sido registradas oficialmente.

Maia ainda teve o nome incluído na chamada “lista de Fachin”, que autorizou a abertura de inquéritos pedidos pela PGR com base nas delações premiadas de 78 executivos e ex-executivos da Odebrecht.

Sem previsão de abertura de pedidos de impeachment

Como presidente da Câmara, Maia é o responsável por decidir abrir os pedidos de impeachment protocolados na Casa contra Temer. Até o momento, foram protocolados 19 pedidos na Secretaria-Geral da Mesa Diretora. Mas, não há previsão de Maia, aliado de Temer, autorizar a abertura de algum deles.

Em maio, quando questionado sobre o assunto, o presidente da Câmara negou que tenha engavetado os pedidos e afirmou que estes não podem ser analisados no “drive-thru”. Ou seja, de maneira rápida.

Viagem de Temer

O embarque de Temer na Base Aérea de Brasília estava previsto para as 11h. Depois de um adiamento, Temer embarcou às 15h10. Pela manhã, Michel Temer despachou do gabinete do Palácio do Planalto e anunciou o veto a duas Medidas Provisórias que diminuíam áreas de preservação ambiental no Pará e em Santa Catarina.

A viagem de Temer à Rússia e à Noruega terá foco econômico e comercial. Em ambos os países, ele conversará com potenciais investidores e tratará sobre facilitações comerciais, além de agendas globais, como a preservação do meio ambiente. Nos encontros, Temer ainda ressaltará as reformas propostas pelo governo, como a trabalhista e previdenciária.

Em Moscou, na Rússia, Temer se reunirá com o presidente do país, Vladmir Putin, o primeiro-ministro Dmitry Medvedev, os presidentes da Assembleia Federal da Rússia, Valentina Matvienko e Vyacheslav Volodin, e empresários.

Em Oslo, na Noruega, Temer se encontrará com o rei Harald V, a primeira-ministra Erna Solberg, o presidente do parlamento, Olemic Thommessen, e empresários noruegueses.
 

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