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Governo Temer vai "onde nem mesmo Dilma tentou", diz procurador da Lava Jato

O procurador Carlos Fernando dos Santos Lima - Divulgação - 28.mar.2016
O procurador Carlos Fernando dos Santos Lima Imagem: Divulgação - 28.mar.2016

Do UOL, em São Paulo

06/07/2017 19h12

O procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, integrante da força-tarefa da Operação Lava Jato no MPF-PR (Ministério Público Federal no Paraná), criticou nesta quinta-feira (6) o fim do grupo de trabalho da Polícia Federal no Paraná voltado exclusivamente para a investigação.

"Esse é o governo Temer. Indo onde nem mesmo o governo Dilma tentou", escreveu Lima em uma publicação no Facebook. 

Em entrevista coletiva concedida no fim da tarde, o delegado da PF Igor Romário de Paula, que chefiava a equipe da Lava Jato em Curitiba, disse que a mudança foi uma "decisão operacional" tomada na própria divisão paranaense da corporação. Segundo ele, não houve qualquer interferência do comando da PF em Brasília ou "recado para parar investigações".

"A demanda hoje de procedimentos [da Lava Jato] em andamento é bem menor que a do ano passado. Não deixou de ter importância, mas é bem menor", disse o delegado ao explicar o fim da equipe exclusiva para a operação.

No fim de maio, em entrevista após a 41ª fase da Lava Jato, Igor Romário disse que a equipe dedicada à operação possuía seis delegados e que estava sendo “difícil dar continuidade para o trabalho da forma satisfatória como sempre foi”.

Na mesma ocasião, o delegado disse que estavam em curso 120 procedimentos instaurados no âmbito da PF em Curitiba.

Hoje, na entrevista coletiva, Igor Romário afirmou que cada um dos seis delegados da Lava Jato tinha, em média, 20 inquéritos em suas mãos, enquanto os delegados da PF em geral lidam com cerca de 200 inquéritos.

Mais cedo, a PF anunciou que as equipes das operações Lava Jato e Carne Fraca no Paraná serão integradas à Delecor (Delegacia de Combate à Corrupção e Desvio de Verbas Públicas). Segundo a PF, "o atual efetivo na Superintendência Regional no Paraná está adequado à demanda e será reforçado em caso de necessidade".

A corporação afirmou ainda que a integração de equipes "visa priorizar ainda mais as investigações com maior potencial de dano" aos cofres públicos e que a nova organização vai reduzir a carga de trabalho dos delegados atuantes na Lava Jato.

De acordo com o comunicado, o número de policiais dedicados às investigações no Paraná chegará a 70. A assessoria de imprensa da PF não soube precisar se esta quantidade de policiais é maior ou menor do que o efetivo dedicado atualmente à Lava Jato ou às investigações no Estado.

"Tendo em vista que cada delegado do grupo de trabalho da Lava Jato possuía cerca de vinte inquéritos cada um, essa equipe, juntamente com o grupo de trabalho da Carne Fraca, passou a integrar a Delecor", diz a nota. “O modelo é o mesmo adotado nas demais superintendências da PF com resultados altamente satisfatórios, como são exemplos as operações oriundas da Lava Jato deflagradas pelas unidades do Rio de Janeiro, Distrito Federal e São Paulo, entre outros”.