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Nem Lula e Dilma tiveram o tratamento que PSDB vem dando a Temer, diz Aloysio

Nicholas Kamm/AFP
Imagem: Nicholas Kamm/AFP

Do UOL, em São Paulo e em Brasília

07/07/2017 10h57

O ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes (PSDB), também vice-presidente nacional do partido, afirmou que “nem Lula, nem Dilma” tiveram o “tratamento” que os tucanos – que faziam oposição ao PT -- vêm dando ao presidente Michel Temer (PMDB-SP). O partido é o principal aliado do peemedebista no Congresso Nacional.

Em postagem feita na sua conta no Facebook, Nunes diz que não poderia haver ocasião “mais inoportuna” para os “recentes ataques de dirigentes do PSDB” ao presidente, já que Michel Temer se encontra fora do país, participando da cúpula do G20, na Alemanha.

As declarações do ministro foram dadas um dia após o presidente nacional do partido, Tasso Jereissati (PSDB-CE), afirmar que o país caminha para a “ingovernabilidade” na gestão do presidente Michel Temer. Jereissati conversou com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o próximo na linha sucessória da Presidência da República, avaliando que Maia poderia garantir governabilidade no país até a eleição de 2018.

Maia, por sua vez, disse que caso venha a assumir o Planalto manteria a equipe econômica e retomaria a reforma da Previdência. Considerado aliado fiel de Temer no primeiro ano de seu governo, Maia passou a frequentar menos os palácios do Planalto e do Jaburu e evitou presidir a Mesa da Câmara durante discussões polêmicas, para não entrar em embate com partidos de oposição que o apoiam. 

Hoje, o presidente da Câmara afirmou ser preciso “muita tranquilidade e prudência neste momento” para enfrentar a crise no país.

A afirmação foi feita na conta de Maia no Twitter, e chega em meio a informações de que crescem as articulações para que ele possa substituir o presidente.

Maia tem evitado comentar publicamente a possibilidade de suceder a Temer, tanto temporariamente, caso o presidente seja afastado se o processo for aberto pelo STF (Supremo Tribunal Federal), quanto em definitivo, na hipótese de o Supremo condenar Temer e ser convocada uma eleição indireta (na qual votam somente deputados e senadores).

Na rede social, Maia também defendeu a agenda de reformas. “Precisamos ter muita tranquilidade e prudência neste momento. Em vez de potencializar, precisamos ajudar o Brasil a sair da crise”, disse Maia, no Twitter.
“Temos que estabelecer o mais rápido possível a agenda da Câmara dos Deputados. Não podemos estar satisfeitos apenas com a reforma trabalhista. Temos Previdência, Tributária e mudanças na legislação de segurança pública”, afirmou o presidente da Câmara.

 

Outro tucano, o senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) disse que, se depender do processo contra Temer, que já está sendo analisado pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça e da Cidadania) na Câmara, “dentro de 15 dias o país terá um novo presidente”. Para ele, se Temer continuar à frente do Planalto as reformas não serão aprovadas, enfatizando que Maia já teria dado sinais de que não mexerá na equipe econômica se assumir o governo. “Maia deverá apresentar mais estabilidade.”

O Planalto detectou um movimento de alas do PSDB e do DEM para tentar viabilizar o nome do presidente da Câmra como uma alternativa. Temer se reuniu com seus ministros para cobrar lealdade e empenho na obtenção de votos para derrubar na Câmara a denúncia que o acusa de corrupção.

O relatório de Sergio Zveiter (PMDB-RJ) causa apreensão. Apesar de peemedebista como o presidente, Zveiter já disse ser “independente”. Caso ele seja a favor da concessão de licença para que o STF (Supremo Tribunal Federal) julgue Temer, o presidente ficará mais perto de se tornar réu e ser afastado da Presidência da República por pelo menos 180 dias. Nesse ínterim, Maia assume.