Deputado do Rio que já foi camelô dá "vitória" a Temer em votação na Câmara
Com voto a favor de Michel Temer (PMDB-SP) e contrário à investigação em que o presidente é acusado de corrupção passiva, o deputado federal Aureo Lidio Moreira Ribeiro, do partido Solidariedade do Rio de Janeiro, garantiu a vitória do governo.
O voto dele foi o 158º contra o prosseguimento do processo. Com 14 ausentes, o total de 172 parlamentares livrou o peemedebista. Como o total na Casa é de 513 deputados federais, ficou inviável que a oposição alcançasse os 342 votos necessários para que o STF (Supremo Tribunal Federal) analisasse a denúncia.
Aso 38 anos, o deputado Aureo está no Solidariedade desde 2013. É empresário de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense (RJ), e está em seu segundo mandato na Câmara Federal --no primeiro, de 2011 a 2015, foi eleito pelo PRTB (Partido Renovador Trabalhista Brasileiro) do Rio, sigla à qual foi filiado entre 2009 e 2013.
Em seu perfil no Facebook, usa a frase “A família é a base da sociedade” em sua descrição e conta que já foi camelô.
“Quase toda a minha família mora em Caxias. Foi aqui que comecei a trabalhar como camelô”, ele escreve. “Mas o que sempre me encantou e o que me estimula, ainda hoje, a assumir o compromisso de fazer de Caxias um município modelo para o resto do país são as pessoas.”
O deputado foi candidato a prefeito de Caxias em 2016 pelo Solidariedade. Ficou em terceiro lugar na disputa, com 20,11% dos votos. Segundo levantamento da Agência Lupa, o deputado recebeu R$ 3,9 milhões em emendas parlamentares.
Com a rejeição pela Câmara, essa acusação de corrupção contra o presidente só poderá ser analisada pela Justiça comum quando Temer deixar o cargo. Por ser presidente da República, Temer só é julgado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) se houver autorização dos deputados.
Entre as justificativas usadas nos votos, diversos deputados afirmaram que a permanência do presidente Michel Temer seria importante para dar estabilidade econômica ao país. Alguns congressistas também se referiram ao reforço da agricultura prometido pelo presidente, que na terça-feira (1º) teve um almoço com representantes das bancadas ruralistas da Câmara e do Senado.
Estratégias de Temer e aliados
O resultado pró-Temer foi obtido após ofensiva do Palácio do Planalto a partidos da base. No último mês, o presidente intensificou as reuniões com deputados e senadores aliados, além de ampliar a liberação de emendas parlamentares, verba do Orçamento destinada a obras e projetos indicados pelos deputados. Em sua defesa, o Planalto afirma que a liberação das emendas é uma imposição legal e não tem relação com a votação na Câmara.
Entre as estratégias adotadas para conseguir barrar a denúncia, o governo incentivou ainda que os partidos da base aliada promovessem uma série de mudanças de membros titulares e suplentes da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça). A medida deu certo, e na Comissão, o relatório aprovado pedia a rejeição da investigação. O parecer vencedor, do deputado Abi-ackel (PSDB-MG), foi justamente o que esteve em votação nesta quarta e recebeu aprovação da maioria dos 531 deputados da Câmara.
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