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Após defender reformas, Temer é vaiado em evento com empresários no Rio

Temer é vaiado no Rio - André Horta/Fotoarena/Agência O Globo - André Horta/Fotoarena/Agência O Globo
9.ago.2017 - Cartaz pede eleições durante discurso de Temer a exportadores no Rio
Imagem: André Horta/Fotoarena/Agência O Globo

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, no Rio

09/08/2017 11h37Atualizada em 09/08/2017 14h04

O presidente da República, Michel Temer (PMDB), foi vaiado, nesta quarta-feira (9), durante a abertura do Enaex (Encontro Nacional de Comércio Exterior), no Rio de Janeiro. Após discursar no evento, Temer se despediu da plateia e foi hostilizado por um grupo de pessoas. Algumas exibiram cartazes com mensagens como "Fora Temer" e "Uerj resiste" --está última em referência à Universidade do Estado do Rio de Janeiro, que enfrenta grave crise.

Entre os que vaiaram o presidente, estavam estudantes de Relações Internacionais, como Wenny Campos Teixeira, 22, e Lívia Cruz, 19, que são alunas da UCP (Universidade Católica de Petrópolis), na serra fluminense. Wenny afirmou que o motivo da manifestação foi por "indignação pessoal".

"Esse governo representa um retrocesso muito grande. Os brasileiros perderam e estão perdendo muitas coisas que foram conquistadas nos últimos anos", disse. "Esse é o governo da impunidade. Ele [Temer] só se manteve no cargo por causa disso", completou Lívia.

Em seu discurso, no segundo dia consecutivo de agenda do presidente com o empresariado, o presidente voltou a defender a aprovação das reformas da Previdência e Política, além do que chamou de simplificação tributária. 
 
Temer relatou que, no último domingo (6), se reuniu com os presidentes da Câmara e do Senado para ajustar essa pauta para o semestre e completou dizendo que "se tivermos completado o ciclo", em referência à apreciação dessas reformas, "teremos um 2018 mais próspero". As vaias se deram após o final desse discurso.
 
Após afirmar que "estamos todos no rumo certo", o presidente afirmou que isso é possível em face das reformas --aprovação da PEC que limita os gastos públicos e reforma trabalhista--, medidas segundo ele que serão reconhecidas no futuro. De acordo com Temer, medidas populistas ganham aplausos, mas geram o que chamou de "desastre" amanhã.
 
Ele citou o Rio de Janeiro ao comentar a reforma da Previdência, afirmando que o Estado "sofreu consequências da questão da Previdência que levou o Estado a uma situação extremamente delicada".
 

A Enaex reúne diversos empresários e líderes do setor industrial e do comércio exterior. Também participaram da abertura do evento os ministros Marcos Pereira (Indústria, Comércio Exterior e Serviços) e Maurício Quintella (Transportes), o prefeito do Rio, Marcelo Crivella, o vice-governador do Estado, Francisco Dornelles, entre outras autoridades.

Ao enumerar indicadores econômicos de seu governo, o presidente reiterou que o imposto de renda não sofrerá aumento. "Absolutamente não haverá aumento". Ao introduzir a declaração, Temer disse que ela merecia "ganhar aplausos".

Após evento em São Paulo, na terça-feira (8), Temer admitiu que sua equipe estuda o assunto. A declaração provocou reação e, na noite de ontem, o Palácio do Planalto divulgou nota em que se comprometeu a não enviar proposta de aumento do Imposto de Renda ao Congresso.

Sobre a taxa Selic, atualmente a 9,25%, Temer estimou que, até o final do ano, o índice caia para 7,5%. "Mas e os juros reais?", indagou, para responder: "estamos trabalhando para que os juros reais se compatibilizem com queda da inflação e da taxa Selic".

Temer comentou esforços na área de comércio exterior e, sem citar nomes, afirmou que, no passado, "em vez de pensar a relação institucional entre Estados, se pensava em relação ideológica entre Estados". Segundo o presidente, por determinação constitucional, seu governo se aproxima de países da América Latina, mas igualmente de países de todo o mundo.