Topo

Moro diz que reforma política não é verdadeira e nega candidatura

Bernardo Barbosa e Guilherme Azevedo

Do UOL, em São Paulo

15/08/2017 10h56Atualizada em 15/08/2017 12h42

O juiz Sergio Moro se mostrou crítico à reforma política em debate no Congresso Nacional durante palestra concedida nesta terça-feira (15) em São Paulo, principalmente no que diz respeito ao financiamento de campanhas e partidos.

"Essa reforma política, como está sendo pensada, não é uma verdadeira reforma política", disse o juiz.

Moro, que é responsável pelos processos da Operação Lava Jato em primeira instância, falou na abertura do evento "Mitos e Fatos", da rádio Jovem Pan. Vários dos casos da investigação envolvem o desvio de dinheiro público, oriundo de contratos com a Petrobras com empreiteiras, para políticos e partidos.

Moro disse ver o financiamento público para campanhas com "simpatia", mas afirmou que ele não deve ser exclusivo. Segundo ele, há uma preocupação com o volume de dinheiro público destinado a isso -- R$ 3,6 bilhões, na proposta em debate na Câmara -- e sobre como ele será distribuído.

"Há uma tendência de quem está dentro do sistema, de quem tem um cargo, queira continuar dentro, e queira deixar fora quem está fora. Então, o financiamento público, por bem intencionado que seja, tem que ser muito bem pensado para evitar esse tipo de problema", afirmou.

Moro não foi contra a doação de empresas, mas defendeu uma regulação estrita do procedimento.

"Não pode, por exemplo, empresa contratada do poder público fazer doações. Me parece uma questão muito óbvia", afirmou.

Moro disse considerar como "casos grotescos" os de grandes empresas que doaram para partidos de diversos posicionamentos políticos, como "uma espécie de contrato de seguro".

O juiz negou que tenha intenção de ser candidato a algum cargo político. Seu nome chegou a aparecer como vice-líder em pesquisas de intenção de voto feitas este ano pelo Datafolha.

Segundo Moro, "a profissão política é uma das mais belas" apesar da imagem pejorativa que ela tem, mas ele não teria o "perfil" para aderir a ela.

"Já disse mais de uma vez e reitero quantas vezes forem necessárias que não sou candidato, não serei candidato", disse