Caravana de Lula começa com chuva de pipoca, carona de metrô e briga na Justiça
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) iniciou nesta quinta-feira (17) sua turnê pelo Nordeste que passará por 25 cidades e nove estados e terá duração de 20 dias. A “caravana”, como está sendo chamada a passagem do petista pela região, começou nesta tarde já gerando alarde. Lula foi de metrô para a Fonte Nova, estádio em Salvador onde participará do primeiro evento oficial da jornada.
Dezenas de simpatizantes do ex-presidente lotaram a estação de metrô Pituaçu, na capital baiana, para recepcionar a comitiva que faz parte da caravana que vai rodar 4000 km. Como os vagões estavam lotados, o ex-presidente foi transportado na cabine do maquinista.
A filha de mãe de santo Jairan Andrade chegou de ônibus com um balaio com um quilo de pipoca. A ideia era dar um banho de pipoca no ex-presidente para "lavar o corpo e a alma". "Isso vai abrir os caminhos dele para 2018, vai descarregar tudo de ruim que ele tiver e tirar o Temer desse governo para ele voltar", disse.
O coordenador do programa Mais Médicos na Bahia, Cristiano Soster, também foi recepcionar Lula e desejar boa sorte.
"Acho que Lula pode representar a retomada desse debate de redemocratização. O principal que todo brasileiro deve desejar é boa sorte que ele retorne para lutar e fazer novamente justiça social", afirmou.
Na Bahia, existem hoje cerca de 1.600 médicos, sendo 1159 cubanos. "O Mais Médicos faz parte dessa justiça social, levando médicos para os locais mais distantes", completou.
A aposentada Maria Valdineia, 62, veio do bairro Stella Maris e pegou um ônibus por 40 minutos só para deixar uma mensagem ao ex-presidente. "Queria dizer que amo muito ele, que ele foi muito bom para o Brasil", disse.
Lula esteve acompanhado de diversos políticos petistas, entre eles a atual presidente da sigla e senadora Gleisi Hoffmann (PR) e os também senadores Humberto Costa (PE), Lindberg Farias (RJ) e José Pimentel (PI).
Reclamações
Em meio a manifestantes a favor, usuários tiveram de se espremer em uma estreita faixa da estação para usar o metrô. E nem todos gostaram da ideia. "Não sei pra que isso aqui, é pra ser usado pelo povo", disse uma mulher ao passar. "Já votei em Lula, mas voto mais não. Fez muita sacanagem ele", afirmou.
O aposentado Eduardo Nery, 63, pegou o metrô para fazer o mesmo trajeto que Lula fará, até a estação Campo de Pólvora, e diz que não gosta do PT. "Não votaria nele de jeito nenhum", diz. "Lula ferrou o Brasil".
Mesmo assim, ele fala que gosta da gestão do governador petista Rui Costa. "Sei separar as coisas, ele é nota 100", afirma. Sobre a "paternidade" da obra do metrô, diz que ela veio "do esforço da gente, não de políticos".
Desempregada há 4 anos, a estudante de pedagogia Cristiane Abreu, 40, diz que votaria em Lula "se ele me desse um emprego".
Ela afirma que gostou do mandato do petista, mas pôs a culpa de seu desemprego na ex-presidente Dilma Rousseff (PT). "Foi culpa dela, que fez as coisas erradas. Agora preciso de um emprego pra sair dessa situação, mas ninguém me emprega", revela.
O analista de sistema Fábio Paim, 40, sequer sabia da presença de Lula em Salvador e ficou surpreso com a movimentação. "Não tinha ideia do que era", disse.
Ele contou que poderia votar novamente em Lula, mas que pensa em outro nome por considerar que o ex-presidente falhou nas medidas de segurança pública. "Já cheguei ao extremo de pensar em Bolsonaro por isso. Acho que Lula falhou na segurança", disse.
Briga na Justiça
O dia de Lula no nordeste começou mal para o ex-presidente. Um juiz federal da Bahia suspendeu a entrega do título de honoris causa que seria concedido pela UFRB (Universidade Federal do Recôncavo Baiano). A homenagem foi aprovada pelo conselho universitário e seria realizada amanhã, na sede da instituição.
Segundo o juiz Evandro Reis, da 10ª Vara Federal Civil da Bahia, a solenidade tem um "desvio de finalidade revelador de ofensa à moralidade administrativa, pois outorgado às vésperas de o laureado empreender caravana pelo Nordeste".
Segundo o ex-governador da Bahia e ex-ministro de Lula, Jaques Wagner, a UFRB já entrou com recurso contra a decisão do juiz. O petista afirmou ainda que, mesmo se a decisão não for revogada, Lula comparecerá à universidade no horário previsto.
"Acho [a decisão] um absurdo porque fere a autonomia universitária que é prevista na Constituição. O doutor honoris causa é uma decisão do conselho universitário, tem audiência pública, tem tudo", afirmou Wagner, que esteve com Lula no metrô de Salvador nesta quinta-feira.
"Eu acho um absurdo. Mas nós vamos fazer a festa. Não vai ter a entrega formal, por causa da ordem, se ela não cair até hoje à noite ou amanhã de manhã. Mas os estudantes vão abraçá-lo, até porque foi ele que criou a universidade, foi ele que deu essa oportunidade a milhares de jovens", disse o ex-ministro.
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