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Converso com quem, onde e quando eu quiser, diz Temer sobre encontros fora da agenda

Íntegra da entrevista de Michel Temer

SBT Online

Do UOL, em São Paulo

24/08/2017 21h26Atualizada em 25/08/2017 03h10

O presidente da República, Michel Temer (PMDB), rebateu nesta quinta-feira (24) as críticas que tem recebido sobre os encontros fora da agenda oficial no Palácio do Jaburu em Brasília.

"Eu converso com quem eu quiser, na hora que eu achar mais oportuno e onde eu quiser", disse o peemedebista em entrevista ao jornalista Kennedy Alencar exibida no SBT Brasil. "Acho que precisa acabar com essa história de que não pode conversar com as pessoas", declarou Temer.

O presidente argumentou que os encontros fazem parte do seu trabalho. "Quem fala que 10 horas da noite é tarde deve ser porque trabalha até as seis [da noite] e acha que, depois das seis, ninguém pode trabalhar", defendeu.

Segundo ele, o cargo de presidente exige dedicação permanente e "fora do local de trabalho". O Palácio do Jaburu é a residência oficial do peemedebista, enquanto o Palácio do Planalto é onde está localizado o gabinete presidencial. 

Ainda sobre os encontros fora da agenda, ele negou buscar "proteção" por meio de conversas particulares de autoridades públicas. "O fato de conversar com você não quer dizer que você vai me proteger nem o contrário", exemplificou ao jornalista.

No último sábado (19), Temer se reuniu com Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados, e Gilmar Mendes, presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) no Jaburu. O encontro não constava previamente na agenda de nenhum dos três. O presidente já havia se encontrado com Mendes em outras ocasiões, sem que houvesse registros na sua agenda oficial.

No começo deste mês, Temer também foi criticado ao se encontrar em compromisso extraoficial com Raquel Dodge, futura procuradora-geral da República. Ambos justificaram que o encontro serviu para acertar detalhes da posse de Dodge, em setembro.

A gravação de conversa entre Temer e o delator Joesley Batista, um dos donos da JBS, no Palácio do Jaburu também foi tema da entrevista. Temer reconheceu que foi o momento mais crítico da sua trajetória como presidente.

Segundo ele, "foi chocante" que "alardeou-se uma frase" em relação ao conteúdo da conversa com o empresário. "Quando eu ouvi [a gravação], eu vi que a conversa era outra. Ele [Joesley] disse 'eu tô de bem com ele', eu disse 'tem que manter isso'".

O trecho foi usado na abertura de inquérito contra o presidente no STF (Supremo Tribunal Federal). Segundo relatório da Polícia Federal, Temer referia-se, na conversa, ao suposto pagamento de uma mesada para manter o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que está preso.

Sem medo de Funaro

Sem citar o nome, Michel Temer criticou a postura de Rodrigo Janot, procurador-geral da República, de "fatiar a denúncia" contra o presidente. "Há procuradores-gerais que entram numa disputa para ver quem ganha. Qual foi a primeira ideia? Vamos fatiar a denúncia. Para que fatiar a denúncia se o inquérito é um só e os fatos estão ali elencados? Foi para dizer: se ele ganhar a primeira, eu venho com a segunda. Se ele ganhar a segunda, eu venho com a terceira. Isso não é tipicamente uma função para a estatura de um chefe do Ministério Público Federal".

A segunda denúncia preparada por Janot contra Temer poderá ser baseada na delação do doleiro Lúcio Funaro, apontado como operador em esquema de propina do PMDB. O presidente afirmou não ter medo do possível depoimento. "Não tenho temor nenhum. Eu nem o conheço. Se eu o conheço, conheço daquele jeito, de cumprimento, mas não tenho nenhuma relação."

Propaganda do PSDB

Na entrevista, o presidente rebateu a propaganda nacional do PSDB e negou que seu governo exerça um "presidencialismo de cooptação".

"Eu não exerço cooptação. Eu acho um pouco estranho que as pessoas se esqueçam do passado e não há outra forma de governar se não houver uma coligação, uma composição com os partidos políticos".

Questionado se o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) tem sido injusto com ele, o peemedebista disse que deixa as críticas "por conta" do tucano. 

FHC chegou a declarar que o programa do governo Temer chamado de "Ponte para o Futuro" tinha virado uma "pinguela". Em relação à crítica, Temer afirmou não se preocupar "se é ponte ou pinguela". "O que importa é que estamos atravessando", disse. 

O presidente ainda negou a possibilidade de se candidatar a deputado federal em 2018 para manter o benefício de foro privilegiado. "Essa questão de prerrogativa de foro não me preocupa e não deve preocupar a ninguém. Não tenho nenhuma intenção de me candidatar a nada."