Topo

"Espetacularização" de delação impediu votação da reforma da Previdência, diz Moreira Franco

REUTERS/Adriano Machado
Imagem: REUTERS/Adriano Machado

Luciana Amaral

Do UOL, em São Paulo

07/09/2017 12h56

O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Moreira Franco, afirmou nesta quinta-feira (7), que, se não houvesse uma “espetacularização” da delação de executivos da JBS e de toda a crise política desencadeada pelo fato, a reforma da Previdência já poderia ter sido votada no Congresso Nacional.

“A reforma da Previdência, se não tivesse havido toda essa espetacularização, já poderia ter sido votada. Estaria tudo muito bem”, declarou.

A declaração foi dada após o ministro assistir ao desfile da Independência em Brasília ao lado do presidente da República, Michel Temer (PMDB), e família, além de outros ministros e autoridades.           

A reforma da Previdência está pronta para ser votada no plenário da Câmara dos Deputados desde maio, mas não é pautada por falta de acordo entre a própria base aliada.

A expectativa do governo é que, com a avaliação do procurador-geral, Rodrigo Janot, em rescindir a delação da JBS por suposta omissão de fatos, a matéria possa ser retomada.

Nesta quinta, executivos da JBS prestam depoimento na capital federal para esclarecer uma gravação que colocou em risco a delação premiada que serviu de base para a denúncia contra Temer, posteriormente barrada pela Câmara. Uma segunda denúncia ainda é aguardada no meio político.

Moreira Franco falou que a questão da JBS é uma questão jurídica a ser tratada pelos advogados do Temer e que, “de fato, rigorosamente, todos esses episódios contribuíram muito para que a situação econômica não tivesse o ganho que poderia ter”.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que também esteve no evento, disse que vai pedir ajuda ao governo para garantir quórum e votar a reforma previdenciária em outubro.

“Vamos pedir ao governo nos ajude a colocar quórum. A base do governo tem número e acho que tem condição de colaborar com a Câmara dos Deputados quando eu, com os líderes, decidirmos a data da reforma de Previdência, para que a gente possa votá-la ainda no mês de outubro”, ponderou.

Maia voltou a pedir uma “decisão dura” da PGR (Procuradoria-Geral da República) após a apuração dos novos áudios dos próprios delatores, como o empresário Joesley Batista e o lobista Ricardo Saud. Porém, reforçou que não receberá uma eventual segunda denúncia contra Temer com descrédito.

“Ela pode ou não ser aceita, como ocorreu com a primeira, mas nenhuma tem descrédito”, ressaltou.

Ouça a íntegra da conversa entre Batista e Saud

UOL Notícias