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Garotinho é preso pela PF durante programa de rádio e cumprirá prisão domiciliar em Campos (RJ)

Garotinho resiste à transferência de hospital para a prisão

Band News

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, no Rio

13/09/2017 12h06Atualizada em 13/09/2017 17h45

O ex-governador Anthony Garotinho (PR) foi detido por policiais federais, nesta quarta-feira (13), enquanto apresentava o seu programa matinal na "Rádio Tupi", na sede da emissora, em São Cristóvão, zona norte carioca.

De acordo com a PF, o ex-chefe do Executivo fluminense foi alvo de um mandado de prisão domiciliar, medida cautelar deferida pela Justiça Eleitoral. Ele responde por suposta compra de votos na cidade de Campos dos Goytacazes, berço político da família Garotinho. 

O ex-governador, que já estava em casa por volta de 17h40, cumprirá prisão domiciliar com tornozeleira eletrônica. Além disso, ficará impedido de usar telefone celular e ter contato com quaisquer pessoas que não sejam advogados ou familiares.

Na mesma decisão, Garotinho também foi condenado, em primeira instância, à prisão em regime fechado pelos crimes de corrupção eleitoral, associação criminosa e supressão de documentos públicos. A sentença, porém, ainda precisa ser confirmada em segunda instância para que a pena possa ser aplicada.

As irregularidades ocorreram, de acordo com a Justiça Eleitoral, durante o governo da mulher do ex-governador, Rosinha Garotinho, à frente da prefeitura local. A investigação teve início no ano passado, quando a PF realizou a Operação Chequinho.

Na ocasião, Garotinho chegou a ser detido preventivamente, mas depois obteve habeas corpus no TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Após receber voz de prisão, em novembro de 2016, o político passou mal e foi internado no hospital municipal Souza Aguiar, na zona portuária do Rio. Um dia depois, a Justiça autorizou a transferência dele para o sistema prisional. Ele resistiu, mas foi levado mesmo assim.

A denúncia narra que o ex-governador e outros investigados utilizaram um programa social, conhecido como Cheque Cidadão, para obter vantagens políticas e angariar votos dos beneficiários, que são pessoas de baixa renda.

O objetivo seria garantir a eleição, em 2016, de candidatos apoiados pelo grupo supostamente liderado pelo ex-chefe do Executivo fluminense.

Na decisão pela prisão domiciliar de Garotinho, cumprida nesta quarta, o juiz da 100ª Zona Eleitoral, Ralph Manhães, afirma que a medida cautelar é necessária porque há fortes indícios de que o mesmo grupo segue cometendo crimes, como ameaça a testemunhas e destruição de provas.

Em nota, a defesa de Garotinho afirmou que pretende recorrer da decisão e que "repudia os motivos apresentados para a prisão do ex-governador". Diz entender que a "decisão de mantê-lo preso em casa, em Campos, tem a intenção de privá-lo de seu trabalho na Rádio Tupi e em seus canais digitais". Ainda na versão dos advogados, a restrição de liberdade teria o objetivo de impedir que o réu "continue denunciando políticos criminosos importantes", sendo que "alguns deles já foram presos".

"A defesa nega as acusações imputadas a ele e informa que ele nunca nem foi acusado de roubo ou corrupção. O processo fala de suspeitas infundadas de compra de votos, o que por si só não justifica prisão."

Saia justa ao vivo

Após a prisão de Garotinho na sede da "Rádio Tupi", o comunicador Cristiano Santos assumiu os microfones e anunciou que o ex-governador não voltaria ao comando de seu programa diário por "recomendação médica".

Garotinho estava ao vivo no momento em que os agentes da PF chegaram à emissora de rádio. Ouvintes relataram em redes sociais que, após o fato, houve dificuldade para sintonizar a frequência da rádio.