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Moro e Lava Jato não buscam verdade, diz defesa de Lula sobre perguntas não respondidas

O ex-presidente Lula e o advogado Cristiano Zanin, ao fundo - Divulgação
O ex-presidente Lula e o advogado Cristiano Zanin, ao fundo Imagem: Divulgação

Nathan Lopes

Do UOL, em Curitiba

13/09/2017 20h09Atualizada em 14/09/2017 00h09

Em entrevista concedida horas após o depoimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao juiz Sergio Moro, sua defesa afirmou que tanto o Ministério Público Federal quanto o próprio Moro "não buscam a verdade dos fatos". Esse teria sido um dos motivos para que o ex-presidente não respondesse a algumas perguntas durante seu interrogatório, realizado na tarde desta quarta-feira (13) no prédio da Justiça Federal, em Curitiba. "Eles não perguntam sobre os contratos da Petrobras", disse o advogado Cristiano Zanin Martins.

Lula é réu ao lado de mais sete pessoas em um processo sobre um suposto esquema de corrupção envolvendo oito contratos entre a empreiteira Odebrecht e a Petrobras.

"Essa questão não foi abordada [sobre contratos]. Não sei se por que já existe um prejulgamento ou um desejo de que a verdade dos fatos seja escondida", disse o defensor.

Zanin afirmou que a única forma de o MPF comprovar sua denúncia "é mostrar que ele [Lula] recebeu alguma vantagem" com provas materiais. "Não há qualquer demonstração e isso já aconteceu no passado", disse, em referência ao processo em que Lula foi condenado a nove anos e seis meses de prisão por, segundo a Justiça, ter recebido um apartamento tríplex em Guarujá (litoral sul de SP).

Ele disse ainda que o Ministério Público não conseguiu produzir provas contra Lula e que a defesa produziu provas da inocência do petista. "O Ministério Público não mostrou provas contra Lula e nós produzimos provas de sua inocência", disse o advogado.

Lula questionou se juiz era imparcial

O advogado comentou o fato de Lula ter perguntado a Moro se o juiz era imparcial: a defesa diz que o questionamento foi "espontâneo", mas que "também enxerga esse problema". Zanin disse que faltam parcialidade e independência ao juiz.

No processo referente ao interrogatório desta quarta, Lula teria sido beneficiado com um imóvel destinado a ser a sede do Instituto Lula, em São Paulo, e com a propriedade do apartamento vizinho ao que o ex-presidente mora, em São Bernardo do Campo (SP).

De acordo com Zanin, o interrogatório deixou claro que Lula não participou de nenhum ato ilícito e que qualquer resultado no julgamento, que não a inocência de Lula, mostrará que a decisão foi política.

Acusações ao ex-ministro Palocci

No interrogatório, Lula disse que Antonio Palocci, seu ex-ministro da Fazenda e réu na mesma ação, é simulador, calculista e frio. A defesa de Palocci rebateu afirmando que Lula "nega tudo o que lhe contraria". "Essa é a lógica dele [Lula]: os que o acusam mentem, os documentos são falsos, só ele diz a verdade", afirmou em nota Adriano Bretas, advogado do ex-ministro.

Sobre o depoimento e o posicionamento da defesa de Palocci, Zanin disse que "as palavras do ex-ministro não merecem credibilidade". "Preso há quase um ano, ele busca destravar a delação premiada", disse Zanin.

Palocci, em seu interrogatório, chegou a dizer que haveria um "pacto de sangue" entre a Odebrecht e Lula, informação negada nesta quarta-feira pelo ex-presidente.