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Lula rebate acusação de pacto de sangue e diz que Palocci mentiu: "calculista e frio"

Palocci: Odebrecht ofereceu R$ 300 mi a Lula em 'pacto de sangue'

UOL Notícias

Do UOL, em Curitiba

13/09/2017 18h03Atualizada em 13/09/2017 18h41

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva chamou Antonio Palocci de "simulador, calculista e frio", rebateu a acusação sobre "pacto de sangue" e disse que o ex-ministro mentiu em seu depoimento. As afirmações foram feitas durante o interrogatório de cerca de 2 horas e dez minutos de Lula ao juiz federal Sergio Moro, na tarde desta quarta-feira (13), em Curitiba.

"Eu conheço o Palocci bem. O Palocci, se não fosse um ser humano, ele seria um simulador", afirmou Lula. "Ele é tão esperto que é capaz de simular uma mentira mais verdadeira que a verdade. O Palocci é médico, calculista, é frio", completou o ex-presidente a Moro, Moro, que comanda os processos da Operação Lava Jato na primeira instância.

Fico pensando como está a mãe dele, que é militante e fundadora do PT. Não tenho raiva do Pallocci, tenho pena de ter terminado uma carreira tão brilhante da forma como ele terminou"

Perguntado por Moro se Palocci teria mentido no depoimento que deu, o ex-presidente confirmou.

"A única coisa que tem verdade ali é ele dizer que ele está fazendo aquela delação porque ele quer os benefícios da delação. Ou quem sabe ele queira um pouco do dinheiro que vocês bloquearam dele". (veja abaixo como Palocci se defendeu das acusações)

Em depoimento a Moro no último dia 6, Palocci afirmou que o ex-presidente deu seu aval a um "pacto de sangue" entre o PT e a construtora Odebrecht, base do escândalo de corrupção envolvendo a Petrobras.

Em seu depoimento, Palocci afirmou ainda que agiu com Lula para barrar investigações da Operação Lava Jato. O ex-presidente negou as acusações e afirmou estar decepcionado com seu parceiro de partido.

Lula rebateu a acusação sobre o "pacto de sangue". "Ele (Palocci) fez um pacto de sangue com os delatores, com os advogados dele e talvez com o Ministério Público. Porque ele disse exatamente o que o Powerpoint queria que ele dissesse", afirmou.

 

Em outra parte do depoimento, Lula diz ter sentido pena da forma como Palocci testemunhou contra ele em depoimento a Moro. "Eu vi o depoimento do Palocci. Eu não respondi nada, falei nada. Muita gente achou que eu ia chegar aqui com muita raiva do Palocci", disse.

Ao final do depoimento, o ex-presidente diz que Palocci tem "direito a querer ser livre", mas ficou preocupado quando o ex-ministro "jogou para cima dos outros" a responsabilidade dos crimes cometidos.

"O Palocci está preso há mais de um ano, o Palocci tem direito de querer ser livre, tem direito a ficar com o pouco do dinheiro que ele ganhou fazendo com palestra, tem direito de ficar com a a família. O que não pode é se você não quer assumir a tua responsabilidade pelos fatos ilícitos que você fez não jogue em cima dos outros", declarou.

Na avaliação de Lula, Palocci foi digno de pena ao dizer que não foi santo, mas tratou com detalhes dos supostos crimes praticados pelo ex-presidente. "'Não é que eu sou santo, e pau no Lula'. Que é um jeito de você conquistar veracidade para sua frase. Eu senti pena disso", afirmou. 

Odebrecht
 
Questionado sobre coisas ditas por Pallocci, como a que ele orientava Emilio Odebrecht como proceder com Dirceu e Palocci. Lula disse:

"A Odebrecht não tinha que pedir opinião do Lula para fazer doação porque o Lula não é diretor do Instituto Lula. Essa doação foi para o instituto", afirmou. "Essa é a peça de ficção mais hilariante que vi na fala do Palocci."
 
"O Pallocci foi um ministro da Fazenda muito competente, que ajudou muito este país. O que eu não conhecia era essa simulação que ele fez aqui. Ele veio para cumprir um ritual. Já vi o Pallocci em situações difíceis na área econômica. Ele veio preparado para dizer que tinha um fundo que eu sabia, que o doutor Emilio tinha procurado para conversar, para dizer que eu tinha tentado bloquear a Justiça. Foi um conjunto de simulações que ele fez com o objetivo de diminuir a pena dele e quem sabe ficar com um pouco dos recursos que ele conseguiu como consultor. Sou um cara que gostou muito do Palocci, acho que o Brasil deve ao Palocci, mas lamentavelmente se prestou a um serviço pequeno. Porque inventar inverdades para tentar criminalizar uma pessoa que não cometeu aqueles crimes que ele alegou é muito desagradável. Fico pensando como está a mãe dele, que é militante e fundadora do PT. Não tenho raiva do Pallocci, tenho pena de ter terminado uma carreira tão brilhante da forma como ele terminou.", afirmou

Detalhe: a mãe de Pallocci era funcionária de carreira da prefeitura de Ribeirão Preto e, de fato, militante do PT. Ela pediu demissão do cargo por discordar do vice que sucedeu Palocci na Prefeitura, em 2004

O lado de Palocci

Em nota, a defesa de Palocci se pronunciou:

"Enquanto o Palocci mantinha o silêncio, ele era inteligente e virtuoso; depois que resolver falar a verdade, passou a ser tido como calculista e dissimulado. Dissimulado é ele, que nega tudo o que lhe contraria e teve a pachorra de dizer que se encontrava raramente com o Palocci a cada 8 meses. Quando lhe foi apresentada a agenda do Dr. Emilio Odebrecht esquivou-se, dizendo que o documento é falso. Essa é a lógica dele: os que o acusam mentem, os documentos são falsos, e só ele diz a verdade."