Lula ficou "preocupado" com fala sobre intervenção militar, dizem petistas
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se mostrou preocupado com as recentes declarações de militares sobre uma possível intervenção diante da crise política brasileira. A mensagem do petista foi transmitida por correligionários ao fim do primeiro dia de reunião do diretório nacional do partido, esta quinta-feira (21), em São Paulo.
"Ele ficou preocupado com a fala do general [Antônio Hamilton Martins] Mourão. Disse que a sociedade civil tem que garantir a democracia e que as Forças Armadas têm papel constitucional", disse a presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann. "O que ele disse é que a sociedade civil tem que tomar as rédeas do processo e garantir a democracia."
Segundo relatos de outros petistas que ouviram a fala de Lula na reunião do diretório, o ex-presidente disse que "não gostou" da declaração de Mourão e falou que era necessário ter atenção ao tema. Lula também disse que confia nas Forças Armadas.
Na sexta (15), o general Mourão participou de um evento da maçonaria no qual defendeu uma intervenção militar frente à crise política do país.
A fala de Mourão aconteceu após o militar ser questionado por uma pessoa na plateia, por meio de pergunta em pedaço de papel, se não seria o momento de uma “intervenção” das Forças Armadas diante da corrupção deflagrada nos Poderes Executivo e Legislativo.
O general Mourão respondeu que, se as instituições não conseguirem solucionar o “problema político, pela ação do Judiciário, retirando da vida pública esses elementos envolvidos em todos os ilícitos”, os militares terão “que impor isso”.
Ele disse ainda que sua visão de fazer “aproximações sucessivas” coincidiria com a do Alto Comando do Exército. O general destacou que a “imposição não será fácil” e “trará problemas”.
Nesta quinta-feira (21), o ministro da Defesa, Raul Jungmann, e o comandante do Exército, Eduardo Villas Bôas, decidiram não punir Mourão formalmente para não correr o risco de criar um herói interno.
Contudo, Villas Bôas vai chamar o general para lhe advertir que quem fala pelo Alto Comando é ele, que sua fala foi inconveniente e que é preciso buscar a estabilidade, legalidade e legitimidade, de forma que o Exército não seja fator de instabilidade.
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