Reprovação ao governo Temer é menor entre ricos e mais velhos, aponta Ibope
A pesquisa Ibope que mostrou que a gestão do presidente Michel Temer (PMDB) tem o pior índice de reprovação de um governo desde o fim da ditadura aponta também uma variação no desempenho do presidente em diferentes estratos da sociedade.
A reprovação ao governo Temer, apesar de ser considerada elevada em todos os recortes da pesquisa, é menor entre os entrevistados com renda maior que cinco salários mínimos (R$ 4.685) e entre entrevistados com 55 anos ou mais de idade.
A pesquisa, divulgada esta quinta-feira (28), apontou uma reprovação total ao governo de 77% dos entrevistados, que responderam que o governo Temer é “ruim” ou “péssimo”. A aprovação, no total, foi de 3% de respostas “ótimo” e “bom”.
No segmento de entrevistados que ganham acima de cinco salários mínimos, Temer alcança aprovação de 6% e reprovação de 74%.
Já entre entrevistados que ganham até um salário mínimo, a outra ponta das faixas de renda da pesquisa, a aprovação do governo ficou em 2% e a reprovação em 80%.
No recorte por idade, o percentual dos que consideram o governo Temer ruim ou péssimo entre os entrevistados com 55 anos ou mais de idade é de 71%, seis pontos percentuais abaixo da média geral, de 77% de reprovação. Nas outras faixas etárias da pesquisa, a reprovação oscila de 77% a 80%.
Para essa pesquisa, o Ibope ouviu 2.000 pessoas em 126 municípios de 15 a 20 de setembro. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
Pior avaliação desde Sarney
O índice geral de 77% de reprovação alcançado por Temer é o pior desempenho na avaliação do governo de um presidente da República desde o início da série histórica da pesquisa Ibope, em 1986, no governo José Sarney (PMDB).
A segunda pior reprovação alcançada na série de pesquisas foi do próprio Temer, no levantamento Ibope de julho, com 70% de ruim ou péssimo na avaliação do governo. A marca, porém, era igual à atingida pela ex-presidente Dilma Rousseff (PT) em dezembro de 2015, durante seu segundo mandato.
A pesquisa começou a ouvir os entrevistados no dia seguinte à apresentação da segunda denúncia contra o presidente pela PGR (Procuradoria-Geral da República). O então procurador-geral, Rodrigo Janot, acusou Temer, e parte da cúpula do PMDB, de formar uma organização criminosa que cobrava propina de empresas com negócios em empresas estatais.
Na mesma ação, o presidente também foi denunciado por suspeitas de obstrução de Justiça. Temer tem negado a prática de qualquer irregularidade. A denúncia contra o presidente ainda precisa de aval da Câmara dos Deputados para que possa começar a tramitar no STF (Supremo Tribunal Federal).
Esta é a quarta piora consecutiva na avaliação do governo pelas pesquisas Ibope/CNI. A reprovação à gestão Temer cresceu de 39% em setembro do ano passado, um mês após o presidente ser efetivado no cargo com a confirmação do impeachment de Dilma pelo Senado, para 46% em dezembro do último ano, indo a 55% em março e 70% em julho.
Corrupção e Amazônia
O gerente executivo de pesquisa e competitividade da CNI, Renato da Fonseca, afirma que três fatores podem ter influenciado para a queda na popularidade de Temer: as notícias sobre corrupção no governo, a crise econômica e a reação à decisão do governo, depois revogada, de extinguir uma reserva mineral na região da Amazônia.
“Nesse momento essa popularidade muito baixa ela tem esses dois componentes fortes: a questão econômica e a questão da corrupção”, disse.
“E nessa mudança de julho para setembro, esse debate sobre a Amazônia provavelmente afetou os números”, afirmou Fonseca.
A pesquisa CNI/Ibope perguntou aos entrevistados qual a percepção do noticiário sobre o governo e 68% afirmaram lembrar de notícias mais desfavoráveis.
Notícias sobre corrupção foram citadas por 44% dos entrevistados e 9% lembraram de notícias sobre corrupção que envolviam diretamente o presidente.
As notícias sobre a liberação para exploração mineral na região da floresta foram lembradas por 5% dos entrevistados.
Após repercussões negativas, o governo federal decidiu revogar o decreto que extinguia a Renca (Reserva Nacional do Cobre e Associados), área de aproximadamente 4 milhões de hectares na divisa do sul e do sudoeste do Amapá com o Pará.
A área fica em região de floresta amazônica e é rica em ouro e outros minérios, como ferro, manganês e tântalo.
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