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Temer diz ter promovido reformas "aproveitando" sua alta impopularidade

Temer na abertura do 22º encontro anual da Indústria Química em São Paulo - Presidência da República - Presidência da República
O presidente Michel Temer (PMDB) tem 71% de rejeição, segundo o Datafolha
Imagem: Presidência da República

Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

08/12/2017 11h17Atualizada em 08/12/2017 12h11

O presidente Michel Temer (PMDB) afirmou nesta sexta-feira (8) ter promovido reformas “fundamentais” devido à sua alta impopularidade. Segundo a última pesquisa Datafolha sobre o tema, 71% dos brasileiros consideram o governo Temer ruim ou péssimo.

Esta é a pior taxa de um presidente da série do instituto desde a redemocratização do país. Na pesquisa anterior, em que figurou com 73% de rejeição, Temer chegou a superar a avaliação negativa da gestão da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) em agosto de 2015, quando 71% da população achavam-na ruim ou péssima. Ainda de acordo com a Datafolha, somente 5% consideram o governo Temer como ótimo ou bom.

Como exemplos de reformas aprovadas e já em vigor, o presidente citou a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) do teto de gastos públicos, as mudanças na legislação trabalhista e renovação estrutural do ensino médio.

Em discurso na abertura do 22º Encontro Anual da Indústria Química, em São Paulo, Temer lembrou uma fala do publicitário Nizan Guanaes durante reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, também chamado de “Conselhão”.

“Ele disse o seguinte: ’Senhor Temer, aproveite a sua impopularidade e faça tudo o que o Brasil precisa’. Eu gravei muito aquilo, sabe? Falei que realmente é o que eu tenho que fazer. E por isso nós fizemos o teto dos gastos públicos, modernização trabalhista. [...] Neste um ano e meio [de governo] o que fizemos foi aproveitando a impopularidade, aproveitando exatamente isso”, disse.

Segundo Temer, os temas foram discutidos no passado, mas por serem delicados, não haviam sido levados adiante. No entanto, ele diz ter tocado as reformas “com muito vigor” e hoje elas demonstram “resultados” e ajudam na recuperação econômica.

“Não vamos pensar que a economia reage por simpatia ao presidente da República, simpatia ao governo. Não. Reage tendo dados concretos”, declarou.

Defesa enfática da reforma previdenciária

O presidente voltou a afirmar que o governo é pautado pelo diálogo com o Congresso Nacional e pelas responsabilidades fiscal e social. Em seguida, fez uma defesa enfática da reforma da Previdência, proposta que o Planalto quer aprovar até 22 dezembro, último dia antes do recesso parlamentar.

A matéria está pronta para ser votada em plenário da Câmara desde maio, mas o governo trabalha para conseguir os 308 dos 513 votos favoráveis à questão antes de pautá-la. Nestas últimas semanas, o governo tem feito uma força-tarefa com jantares, reuniões e negociações para angariar o apoio dos deputados. Estes estão resistentes ao tema por ser impopular e tão próximo de um ano eleitoral, no caso, 2018.

Temer negou que as mudanças na aposentadoria vão prejudicar os trabalhadores, em especial os mais pobres, idosos, de área rural e com deficiência. Segundo o presidente, o objetivo da reforma é acabar com “privilégios” e igualar as regras dos setores público e privado. Ainda assim, reconheceu ser “natural que o deputado fique preocupado”.

“Começa a se espalhar pelos pares um dia desses que o trabalhador privado só vai se aposentar quando tiver 110 anos. Isso pega! Essa história de rede social é um horror, pega! Não é verdade. Começa a dizer com uma caveirinha que acabou de se aposentar. Essas inverdades, é claro que machucam aquele que vai entrar no processo eleitoral. O que precisamos é restabelecer a verdade”, afirmou.