Alvos de ação da Lava Jato, doleiros movimentavam R$ 1 milhão por dia, diz MPF
A dupla Vinicius Claret e Cláudio Barbosa, antigos alvos da Lava Jato e apontados como operadores de propina do ex-governador Sérgio Cabral (MDB), movimentavam cerca de R$ 1 milhão por dia em transações ilícitas entre 2010 e 2016, afirmou nesta quinta-feira (3) a força-tarefa formada pelo MPF (Ministério Público Federal), Polícia Federal e Receita Federal.
De acordo com os investigadores, Claret, conhecido pelo codinome "Juca Bala", e Barbosa, o "Tony", desenvolveram um complexo sistema informatizado de lavagem de dinheiro, o "Bankdrop".
O principal ramo deles era o dólar-cabo, com ações realizadas no Uruguai. A dupla recebia montantes em espécie e mandava para contas no exterior. Depois, os recursos voltavam por meio de transações bancárias e eram direcionados para os beneficiários do esquema, entre os quais políticos e empresários.
No sistema Bankdrop, narram os procuradores da força-tarefa, estão relacionadas mais de 3.000 empresas offshores, com contas em 52 países, e transações que somam mais de US$ 1,6 bilhão --R$ 3,7 bilhões de reais em valores atualizados.
Outro sistema, chamado "ST", registrava todas as operações de cada doleiro como uma espécie de conta corrente e foi utilizado para controlar a movimentação dos recursos tanto no Brasil quanto no exterior.
"Os colaboradores Juca e Tony funcionavam como uma verdadeira instituição financeira, fazendo a compensação de transações entre vários doleiros do Brasil, servindo como 'doleiros dos doleiros', indicando clientes que necessitavam de dólares e que necessitavam de reais", afirma a força-tarefa em nota.
As informações foram reveladas no âmbito da operação Câmbio, Desligo, realizada hoje pela Polícia Federal. Foram expedidos, no total, 54 mandados de prisão, sendo 49 preventivas (seis no exterior) e quatro temporárias. Até 11h50, os agentes da PF haviam prendido 33 pessoas: em São Paulo (8), em Porto Alegre (5), em Belo Horizonte (2), no Rio de Janeiro (13) e no Uruguai (3), e cumpriram 51 ordens de busca e apreensão. Há ainda procurados no Paraguai e nos Estados Unidos.
Entre os alvos da ação de hoje, o principal nome é Dario Messer, filho de um doleiro apontado como mentor de Claret e Barbosa. Mardko Messer seria, segundo as investigações, responsável por dar lastro financeiro às transações da dupla de doleiros. Em contrapartida, ele receberia 60% dos lucros. "Junto com Dario Messer, dono de casas de câmbio, eles montaram uma complexa rede de câmbio paralelo sediada inicialmente no Brasil e, a partir de 2003, no Uruguai, de onde comandavam remotamente os negócios", segundo a nota.
Claret e Barbosa foram presos em março do ano passado e, posteriormente, fizeram acordos de colaboração premiada. Além de revelarem o funcionamento do esquema, entregaram um disco rígido com as informações das inúmeras transações de lavagem de dinheiro, segundo afirmou o coordenador da força-tarefa da Lava Jato, procurador Eduardo El Hage.
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