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Alvos de ação da Lava Jato, doleiros movimentavam R$ 1 milhão por dia, diz MPF

Policiais participam da operação "Câmbio, Desligo", deflagrada nesta quinta - Fábio Motta/Eestadão Conteúdo
Policiais participam da operação "Câmbio, Desligo", deflagrada nesta quinta Imagem: Fábio Motta/Eestadão Conteúdo

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, no Rio

03/05/2018 11h10Atualizada em 03/05/2018 12h03

A dupla Vinicius Claret e Cláudio Barbosa, antigos alvos da Lava Jato e apontados como operadores de propina do ex-governador Sérgio Cabral (MDB), movimentavam cerca de R$ 1 milhão por dia em transações ilícitas entre 2010 e 2016, afirmou nesta quinta-feira (3) a força-tarefa formada pelo MPF (Ministério Público Federal), Polícia Federal e Receita Federal.

De acordo com os investigadores, Claret, conhecido pelo codinome "Juca Bala", e Barbosa, o "Tony", desenvolveram um complexo sistema informatizado de lavagem de dinheiro, o "Bankdrop".

O principal ramo deles era o dólar-cabo, com ações realizadas no Uruguai. A dupla recebia montantes em espécie e mandava para contas no exterior. Depois, os recursos voltavam por meio de transações bancárias e eram direcionados para os beneficiários do esquema, entre os quais políticos e empresários.

No sistema Bankdrop, narram os procuradores da força-tarefa, estão relacionadas mais de 3.000 empresas offshores, com contas em 52 países, e transações que somam mais de US$ 1,6 bilhão --R$ 3,7 bilhões de reais em valores atualizados.

Outro sistema, chamado "ST", registrava todas as operações de cada doleiro como uma espécie de conta corrente e foi utilizado para controlar a movimentação dos recursos tanto no Brasil quanto no exterior.

"Os colaboradores Juca e Tony funcionavam como uma verdadeira instituição financeira, fazendo a compensação de transações entre vários doleiros do Brasil, servindo como 'doleiros dos doleiros', indicando clientes que necessitavam de dólares e que necessitavam de reais", afirma a força-tarefa em nota.

Dário Messer, o maior doleiro em atividade no Brasil  - Reprodução/Facebook - Reprodução/Facebook
O doleiro Dário Messer
Imagem: Reprodução/Facebook
As informações foram reveladas no âmbito da operação Câmbio, Desligo, realizada hoje pela Polícia Federal. Foram expedidos, no total, 54 mandados de prisão, sendo 49 preventivas (seis no exterior) e quatro temporárias. Até 11h50, os agentes da PF haviam prendido 33 pessoas: em São Paulo (8), em Porto Alegre (5), em Belo Horizonte (2), no Rio de Janeiro (13) e no Uruguai (3), e cumpriram 51 ordens de busca e apreensão. Há ainda procurados no Paraguai e nos Estados Unidos.

Entre os alvos da ação de hoje, o principal nome é Dario Messer, filho de um doleiro apontado como mentor de Claret e Barbosa. Mardko Messer seria, segundo as investigações, responsável por dar lastro financeiro às transações da dupla de doleiros. Em contrapartida, ele receberia 60% dos lucros. "Junto com Dario Messer, dono de casas de câmbio, eles montaram uma complexa rede de câmbio paralelo sediada inicialmente no Brasil e, a partir de 2003, no Uruguai, de onde comandavam remotamente os negócios", segundo a nota.

Claret e Barbosa foram presos em março do ano passado e, posteriormente, fizeram acordos de colaboração premiada. Além de revelarem o funcionamento do esquema, entregaram um disco rígido com as informações das inúmeras transações de lavagem de dinheiro, segundo afirmou o coordenador da força-tarefa da Lava Jato, procurador Eduardo El Hage.