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Após foto com Doria, defesa de Lula pede que Moro seja afastado de ação sobre sítio

Moro (à dir) tirou foto com Doria em evento em Nova York - Reprodução/Facebook
Moro (à dir) tirou foto com Doria em evento em Nova York Imagem: Reprodução/Facebook

Mirthyani Bezerra

Do UOL, em São Paulo

22/05/2018 12h43

A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pediu nesta terça-feira (22) que o juiz federal Sergio Moro seja afastado da ação penal contra o petista sobre reformas no sitio de Atibaia (SP). Os advogados afirmam que ao participar do evento da Lide, empresa ligada ao pré-candidato ao governo de São Paulo João Doria (PSDB-SP), e posar para foto com o tucano na semana passada, Moro teve uma conduta “incompatível com a imparcialidade e a independência que se esperam de quem deverá julgar esta causa criminal”.

O juiz federal responsável pelas decisões em primeira instância da Operação Lava Jato no Paraná participou no dia 16 de maio do Lide Brazilian Investment Forum, em Nova York (EUA). Na noite anterior, chegou a posar para foto ao lado de Doria, durante premiação da Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos que o elegeu como 'Pessoa do Ano'.

A defesa de Lula diz que Doria, que é ex-prefeito de São Paulo, publicou a foto nas suas redes sociais em uma “evidente intenção” de usar a atuação do juiz federal, sobretudo em relação aos processos envolvendo o ex-presidente Lula , “para fins políticos-eleitorais”.

“Tanto isso é certo que durante a palestra feita por Vossa Excelência na ocasião houve referência indireta ao excipiente [a Lula] e à (injusta e ilegal, aliás) condenação a ele imposta para compor o cenário supostamente épico e heroico ali explorado”, diz a petição.

Além disso, a defesa afirma que dentre os apoiadores do evento estavam representantes da Petrobras, que compõem a ação penam como assistente de acusação.

“É evidente que a participação em ato de natureza política antagônico ao excipiente [a Lula] (...), com o claro objetivo de alavancar uma futura campanha do PSDB ao Governo do Estado de São Paulo --e explorar, com essa finalidade, os processos e a condenação imposta ao excipiente -- exibe-se imprópria, incompatível com a conduta que se espera do julgador da causa, que deve ser pautada pela equidistância, isenção e imparcialidade”, diz o texto.

Moro já havia classificado como “bobagem” as polêmicas em torno da foto que ele tirou com Doria em Nova York. “Estou num evento social e tiro uma foto, isso não significa nada. É uma bobagem isso”, disse pouco antes de seu discurso. E completou: “Não me arrependo nem um minuto de aceitar esses convites”, afirmou, lembrando que não tem uma “relação pessoal” com Doria. A assessoria de imprensa do ex-prefeito de São Paulo disse ao UOL que ele não vai se pronunciar sobre a petição.

Quem vai avaliar o pedido de suspeição é o próprio Moro, que já negou outras vezes solicitações dessa natureza feitas pela defesa de Lula em outras ações penais. Os advogados pedem que no caso de o juiz federal negar o próprio afastamento, que os autos sejam encaminhados para a avaliação do TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região), “acompanhado de informações sobre o evento nos Estados Unidos da América aqui tratado e fatos correlatos, inclusive sobre eventual remuneração e custeio das despesas do palestrante”.