Topo

Bretas concede liberdade a filho de Picciani no Rio

FÁBIO MOTTA/ESTADÃO CONTEÚDO
Imagem: FÁBIO MOTTA/ESTADÃO CONTEÚDO

Gabriel Sabóia

Do UOL, no Rio

24/08/2018 19h56Atualizada em 26/08/2018 13h46

O juiz Marcelo Bretas revogou no início da noite desta sexta-feira (24) a prisão preventiva do empresário Felipe Picciani, filho do deputado e ex-presidente da Assembleia Legislativa do Rio, Jorge Picciani. Felipe, que está preso desde novembro do ano passado, deve responder ao processo em liberdade. Ele é acusado de ter lavado dinheiro oriundo de propina recebido pelo pai por meio da empresa Agrobilara Comércio e Participações Ltda., da qual é sócio.

"Depois de nove meses de detenção, não foram encontradas provas mais robustas quanto à participação dele na organização criminosa, não sendo necessário o regime fechado", afirmou Bretas, da 7º Vara Federal Criminal do Rio, responsável pela Lava Jato no estado.

Felipe Picciani negou, em depoimento dado a Bretas nesta sexta-feira, participação nos negócios da família. "Sou zootecnista. Minha participação na sociedade não é administrativa. Todos os meus rendimentos vêm do trabalho de inseminação e reprodução de gados. Não intervenho nos negócios da família", afirmou.

De acordo com as investigações da Operação Cadeia Velha, o superfaturamento na compra e venda de gados nas fazendas da família Picciani foi usado para lavar dinheiro -- que pode ser oriundo de propina recebida de empresários do setor de transportes. 

No despacho assinado pelo desembargador federal Abel Gomes, que autorizou a prisão do empresário em novembro de 2017 a pedido do Ministério Público Federal, o magistrado afirma que a Agrobilara "era utilizada para dar foros de licitude a valores oriundos de propina".

Operação Cadeia Velha

A Operação Cadeia Velha levou à prisão os deputados Jorge Picciani, Edson Albertassi e Paulo Mello (todos do MDB) em dezembro de 2017. As investigações apontaram que os parlamentares usariam da sua influência para aprovar projetos na Assembleia Legislativa do Rio que visavam favorecer empresas de ônibus e empreiteiras.

Em troca, os três receberiam repasses em dinheiro, via caixa dois. Em momentos diferentes, os três deputados acusados ocuparam a presidência da Alerj. Em depoimento ao juiz Marcelo Bretas, o empresário Jacob Barata, dono de empresas do setor de transportes, confirmou nesta sexta ter feito repasses aos deputados Jorge Picciani e Edson Albertassi.

De acordo com o Ministério Público Federal, o esquema de corrupção é um dos mais antigos do estado e era chamado por deputados de "Caixinha da Fetranspor". Albertassi e Paulo Mello seguem presos no Complexo Penitenciário de Gericinó, na zona oeste do Rio. Picciani cumpre prisão domiciliar, por decisão que levou em conta o seu estado de saúde. Eles são acusados de corrupção passiva e ativa, organização criminosa e lavagem de capitais.