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Bolsonaro diz que não escolherá para ministério condenados por corrupção

Bolsonaro e o deputado Alberto Fraga (DEM-DF) - Alan Marques/ Folhapress
Bolsonaro e o deputado Alberto Fraga (DEM-DF) Imagem: Alan Marques/ Folhapress

Gustavo Maia

Do UOL, no Rio

31/10/2018 13h43Atualizada em 31/10/2018 22h35

O presidente eleito do Brasil, Jair Bolsonaro (PSL), afirmou nesta quarta-feira (31) que não vai escolher condenados por corrupção para compor seu governo e que os seus ministros serão anunciados oficialmente por suas redes sociais.

Bolsonaro não citou nomes e nem deixou claro se nomeará investigados em escândalos.

Mais cedo, ele confirmou pelo Twitter que o Ministério da Ciência e Tecnologia será comandado pelo astronauta Marcos Pontes.

Foi o quarto nome divulgado pelo futuro governo, que já tem confirmados o deputado federal Onyx Lorenzoni (DEM-RS) na Casa Civil, o economista Paulo Guedes na “superpasta” da Economia e o general Augusto Heleno (PRP) à frente da Defesa.

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Onyx, por exemplo, admitiu no ano passado ter recebido R$ 100 mil em caixa dois da empresa de carnes JBS. Em entrevistas à imprensa em maio de 2017, ele argumentou que o dinheiro foi usado para quitar gastos de campanha de 2014, mas concordou que deveria "pagar pelo erro". 

Passados mais 15 meses da admissão de culpa do parlamentar, nenhum inquérito foi aberto e ele não foi responsabilizado de nenhuma maneira.

No último dia 23, cinco dias antes do segundo turno das eleições, Bolsonaro se reuniu dentro de casa com integrantes da Frente Parlamentar da Segurança Pública e afirmou que contaria com o deputado Alberto Fraga (DEM-DF), líder da chamada "bancada da bala", no Palácio do Planalto.

"Anuncio aqui que quem vai coordenar a bancada, lá do Planalto, vai ser o Fraga", disse Bolsonaro, em meio a risos e aplausos. Ocorre que Fraga foi condenado em setembro desse ano a quatro anos, dois meses e 20 dias de prisão, em regime semiaberto, pela prática do crime de concussão (exigir vantagem ilícita em razão do cargo). O deputado nega as acusações. 

Depois do encontro, Fraga, que concorreu e perdeu a disputa pelo governo do Distrito Federal nesse ano e ficará sem mandato a partir de 2019, disse à imprensa que Bolsonaro o queria como ministro das Relações Institucionais.

Três dias depois, Bolsonaro publicou uma mensagem no Twitter sem citar nomes, sobre "oportunistas" que se anunciam ministros. "Com intuito de se promover ou nos desgastar, oportunistas se anunciam ministros. Estes, de antemão, já podem se considerar fora de qualquer possível governo", escreveu.

Nesta quarta, um dos filhos do presidente eleito, o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), retuitou uma mensagem que citava Fraga nominalmente. "No dia que Alberto Fraga foi à imprensa dizer que Bolsonaro o queria como ministro, o Presidente imediatamente postou isso em seu Twitter. A imprensa não viu? Lógico que viu, mas o papel dela não é mais retratar a realidade, é criar narrativas", diz a mensagem.

Na segunda-feira (29), em sua primeira entrevista depois de eleito, Bolsonaro disse à Record TV que aqueles que se lançaram como ministros já "podem se considerar fora do governo".