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Bolsonaro anuncia embaixador como ministro das Relações Exteriores

Gustavo Maia

Do UOL, em Brasília

14/11/2018 16h28Atualizada em 14/11/2018 18h48

O presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), anunciou na tarde desta quarta-feira (14) o oitavo ministro do seu futuro governo. Diplomata há 29 anos, o embaixador Ernesto Araújo vai assumir a pasta das Relações Exteriores.

Araújo é embaixador e atual diretor do Departamento dos Estados Unidos, Canadá e Assuntos Interamericanos do Ministério das Relações Exteriores.

O Itamaraty hoje é chefiado pelo senador licenciado Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), a quem Bolsonaro já dirigiu frequentes críticas.

O anúncio foi feito nas redes sociais do presidente eleito. Na mensagem, Araújo é chamado de “brilhante intelectual”.

“A política externa brasileira deve ser parte do momento de regeneração que o Brasil vive hoje”, escreveu.

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Logo após o anúncio, Bolsonaro concedeu entrevista coletiva ao lado do diplomata, no CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil), onde funciona o gabinete de transição de governo, em Brasília.

Ernesto Araújo foi apresentado como "do quadro do Itamaraty". "Conversamos longamente ao longo de muitos dias", disse Bolsonaro. A justificativa da escolha se deu, segundo o presidente eleito, "pelo perfil dele, pelas suas propostas, pela sua vida pregressa".

Diante dos jornalistas, Bolsonaro perguntou ao ministro recém-anunciado quanto tempo ele tem de Itamaraty --29 anos-- e disse que o diplomata é "uma pessoa bastante experiente já, apesar de ser um jovem, ter 51 anos de idade".

Dentre as missões do diplomata listadas por Bolsonaro estão "motivar" o ministério e "incrementar a questão de negócios com o mundo tudo sem o viés ideológico", além de ter "iniciativa".

Com todo o respeito, algumas instituições perderam o seu brilho nos últimos anos. Nós queremos o MRE brilhando.

Jair Bolsonaro, presidente eleito, ao anunciar novo ministro

Em breve declaração ao lado de Bolsonaro, o futuro ministro revelou o apreço pelo presidente eleito. "Antes de tudo, garantir que esse momento extraordinário que o Brasil está vivendo, com a eleição do presidente Jair Bolsonaro, se traduza dentro do Itamaraty em uma política efetiva, em função do interesse nacional, de um Brasil atuante, feliz, próspero", declarou.

De acordo com o diplomata, não haverá preferência na aproximação com outros países, e sim "relações excelentes com todos os parceiros".

Quando Araújo foi questionado sobre a questão da Venezuela, o presidente eleito voltou ao microfone e disse que durante a pré-campanha esteve duas vezes em Roraima, que faz fronteira com o país governado por Nicolás Maduro e tem recebido milhares de refugiados.

"Nós não podemos abandonar os nossos irmãos, que passam por uma situação bastante complicada, mas o governo federal não pode deixar que apenas o governo de Roraima e de Boa Vista, basicamente, resolva esse assunto. Então teria que ter uma participação mais efetiva da nossa parte", declarou Bolsonaro.

Ele acrescentou que teria tomado providência quanto a Venezuela há muito tempo e disse que, pela cláusula democrática, o país nem deveria ter ingressado no Mercosul, o que ocorreu em 2012. "E, depois que entrou, tinha que ter saído", complementou o presidente eleito.

"Esperamos expulsar o nosso embaixador... foi isso?", disse, consultando o futuro chanceler, que confirmou. "O nosso embaixador foi expulso da Venezuela, quando o governo deveria tê-lo chamado para cá, exatamente aquele sinal de demonstração de que o governo não está satisfeito com a política local", falou Bolsonaro.

Durante a entrevista, Bolsonaro foi questionado sobre a mudança da embaixada do Brasil em Israel. "Eu entendo que quem decide onde é a capital do seu país é o seu governo. Assim sendo, se o Brasil hoje fosse abrir, vamos supor, uma embaixada em Israel, seria Tel Aviv ou... Jerusalém? Com toda a certeza seria Jerusalém", declarou.

Instado a responder se haveria a transferência, o presidente eleito tergiversou. "Quando eu assumir em janeiro você vai ter essa resposta. E eu tenho certeza que você vai fazer uma boa matéria sobre ela".

Veja quem são os outros sete futuros ministros já confirmados até o momento:

  • o investidor Paulo Guedes (Economia);
  • o juiz federal Sergio Moro (Justiça e Segurança Pública);
  • o deputado federal Onyx Lorenzoni (Casa Civil), do DEM-RS;
  • o general da reserva Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional);
  • a deputada federal Tereza Cristina (Agricultura), do DEM-MS;
  • o astronauta Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia), que é tenente-coronel da reserva da Força Aérea Brasileira;
  • o general Fernando Azevedo (Defesa), atualmente assessor da presidência do STF.

Durante a campanha, o presidente eleito prometeu reduzir o número de ministérios dos atuais 29 para 15. Mas, nas últimas semanas, a previsão tem sido alterada para até 18 pastas.

O atual ministro desejou êxito ao seu sucessor escolhido por Bolsonaro e que recebeu a notícia com "muita satisfação". "Tem sido um servidor exemplar do Itamaraty. Chefiou nos últimos dois anos o Departamento dos Estados Unidos, Canadá e Assuntos Interamericanos da Secretaria de Estado com grande competência, dedicação e espírito público. São qualidades que lhe angariaram desde sempre o respeito dos colegas e também marcaram as missões permanentes que exerceu em Bruxelas, Berlim, Ottawa e Washington, bem como as funções desempenhadas em Brasília nas áreas de integração regional, assuntos financeiros e negociações comerciais. Ernesto Araújo está mais do que talhado para bem servir ao Brasil nas elevadas atribuições que lhe são agora confiadas", disse Aloysio, em nota oficial.