Laranjas: Bolsonaro não teve relação com candidaturas, diz Bebianno
Resumo da notícia
- Braço direito de Bolsonaro, Bebianno foi mencionado em suspeitas de irregularidade em campanhas de outros candidatos no PSL
- Apesar de as denúncias não tratarem da campanha de Bolsonaro, o ministro mencionou o presidente em entrevista hoje e em nota à imprensa
- Bebianno diz que "Bolsonaro nunca ocupou nenhum cargo de direção no partido, portanto, não tem qualquer relação com outras candidaturas"
- Ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Bebianno não foi recebido por Bolsonaro, que recebeu alta hospitalar ontem
- Em entrevista ontem, Bolsonaro insinuou que demitiria Bebianno, se comprovada responsabilidade nos fatos denunciados
- Na nota de hoje, Bebianno diz que cabia aos diretórios regionais do PSL a gestão dos recursos de campanha
Em meio a denúncias de uso de candidatos laranjas no PSL, partido do presidente da República, o ministro Gustavo Bebianno (Secretaria-Geral da Presidência) divulgou nota afastando Jair Bolsonaro de relação com as supostas irregularidades:
Jair Bolsonaro nunca ocupou nenhum cargo de direção no partido, portanto, não tem qualquer relação com outras candidaturas.
As suspeitas recaem sobre a campanha eleitoral de 2018, quando Bebianno era presidente interino do partido, e Bolsonaro, candidato pela legenda.
Reportagem publicada pela Folha revelou que o PSL criou uma candidatura que recebeu R$ 400 mil do fundo eleitoral -- um dos maiores repasses do partido, mas teve apenas 274 votos.
Não há nenhum indicativo de que a candidatura de Bolsonaro tenha se beneficiado do esquema, mas Bebianno disse em entrevista à revista Crusoé que "o presidente está com medo de receber algum respingo".
"As contas da chapa do então candidato Jair Bolsonaro, que estavam sob minha responsabilidade, foram aprovadas e elogiadas pelos Ministros do TSE", diz a nota distribuída nesta noite por Bebianno, que foi coordenador da campanha de Bolsonaro.
Responsabilidade
Sem mencionar uma possível demissão do governo Bolsonaro nem a possibilidade de se afastar do cargo, Bebianno responsabilizou a Comissão Executiva Nacional e os diretórios estaduais do PSL pelos repasses do fundo partidário para candidatos.
A candidata pernambucana Maria de Lourdes Paixão teria recebido a terceira maior cota dentro do PSL do fundo público eleitoral.
Bebianno ainda teria liberado R$ 250 mil de verba pública para a campanha de uma ex-assessora, Érika Siqueira Santos. Parte do dinheiro foi repassada a uma gráfica registrada em endereço de fachada.
Após a publicação da reportagem, com o surgimento de rumores de que Bebianno seria demitido, o ministro tentou transmitir estabilidade e proximidade com o presidente.
"Não existe crise nenhuma. Só hoje, falei três vezes com o presidente", disse ao jornal O Globo.
Mas um dos filhos de Bolsonaro, Carlos, desmentiu o ministro e disse que o presidente não havia conversado com ele.
"Ontem estive 24h do dia ao lado do meu pai e afirmo: 'É uma mentira absoluta de Gustavo Bebbiano (sic) que ontem teria falado 3 vezes com Jair Bolsonaro para tratar do assunto citado pelo Globo e retransmitido pelo Antagonista'", escreveu Carlos em seu Twitter.
O vereador ainda publicou um áudio em que o presidente diz a Bebianno que "está complicado conversar". "Não vou falar, não vou falar com ninguém, somente o essencial", disse Bolsonaro. A divulgação da conversa deflagrou o momento mais crítico da crise, provocando até mesmo críticas de integrantes importantes do PSL, como a deputada federal Joice Hasselmann. O post foi retuitado pela conta do presidente Jair Bolsonaro.
Em entrevista à Record ontem, o presidente afirmou que, caso o secretário-geral da Presidência seja responsabilizado no caso das candidaturas laranjas do PSL, será demitido.
Bolsonaro ainda declarou que determinou ao ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, que a PF (Polícia Federal) instaure inquérito para apurar as suspeitas contra as candidaturas do PSL.
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