Falastrão, madrugador e expediente no domingo: o estilo Kajuru no Senado
Voz mais ouvida no plenário do Senado no começo desta nova legislatura, Jorge Kajuru (PSB-GO) se destaca pela espontaneidade e pelo bom humor nos discursos que faz diariamente na Casa.
Até a sexta-feira (22), o parlamentar havia feito inscrição como orador em 100% das sessões --tanto as deliberativas quanto as não deliberativas. "É a voz que mais se ouve no Parlamento, não é?", brincou um dos colegas quando, da tribuna, Kajuru chamava o ex-secretário-geral da Presidência da República Gustavo Bebianno de "traidor", na última quarta.
"Eu e Paulo Paim [PT-RS] somos sempre os primeiros a chegar. Das 15 sessões que a Casa teve até agora, eu fui o primeiro a falar em pelo menos 12. E o Paim nas outras", declarou Kajuru ao UOL.
O estilo falastrão é uma marca que o parlamentar carrega desde a época em que era jornalista esportivo e apresentador de TV --no total, foram 40 anos de carreira. Acabou demitido por várias emissoras depois de declarações polêmicas, como em 2004, quando criticou o então governador de Minas Gerais e hoje deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG), ao vivo em um jogo entre Brasil e Argentina.
Kajuru também tem arriscado a voz ao cantar durante os discursos na tribuna ou ao recitar trechos de músicas. Em sua estreia no Senado, durante a tumultuada eleição para presidente da Casa, o parlamentar entoou versos de "Depende de Nós", música do grupo infantil Balão Mágico, composta por Ivan Lins.
Um dia antes, ele já havia provocado risadas no plenário ao contar que, aos 11 anos, seu pai o apresentou a amante. "Eu apanhei demais. O que o meu pai me bateu foi uma loucura, mas eu apanhei tão prazerosamente, porque eu contei para minha mãe aquilo que o meu pai falou que era secreto", disse ele, na ocasião, ao defender o voto aberto no pleito.
De acordo com o congressista, seus pronunciamentos são publicados nas redes sociais e já acumulam mais de 1,5 milhão de visualizações.
Kajuru disse ao UOL que está extremamente feliz com o trabalho como senador e que se sente na obrigação de comparecer a todas as sessões, mesmo às segundas e sextas --não deliberativas, quando o plenário fica completamente esvaziado. Na versão dele, tem chegado ao seu gabinete todos os dias às 6h50.
"É um perfil que eu quero mostrar para o povo brasileiro porque, na verdade, eu sou um empregado público. Os brasileiros são os meus únicos patrões. Faço questão de ir a todas as sessões. Só vou faltar se eu estiver morto ou em estado grave de saúde. Se um ministro me chamar para conversar em dia de sessão, eu não vou. O plenário para mim é como uma escola, sou o primeiro a chegar e o último a sair."
Para ele, o fato de ter sido jornalista e acumulado grande experiência na televisão é um fator que o ajuda a se comunicar no Parlamento. "Outro dia o Paim brincou e disse que nunca viu um estreante calar o Senado [em seu discurso de estreia] e fazer todos os senadores olharem para ele", disse.
"Eu tenho essa facilidade de comunicação. Eu gosto desde menino, comecei no rádio aos 11 anos de idade lá em Ribeirão Preto [SP] com José Luiz Datena e Heraldo Pereira."
Expediente aos domingos
Kajuru também afirmou ter chamado a atenção de funcionários da Casa por dar expediente eventualmente aos fins de semana.
No último domingo, por exemplo, ele passou o dia no gabinete a fim de elaborar o requerimento que apresentaria à Comissão de Transparência, Governança, Fiscalização e Controle solicitando a presença de Bebianno para que ele prestasse esclarecimentos sobre o escândalo de "candidaturas laranjas" do PSL.
"Uma funcionária da portaria me parou e disse que estava escutando nos gabinetes rumores que eu chegaria todos os dias às dez para as sete da manhã. Eu confirmei e ela disse: vamos combinar uma coisa? O senhor pode chegar às 9h, os outros senadores só chegam às 10h, 11h, 12h...". "Eu respondi que não, que chegaria cedo. Eu tenho que trabalhar, saber o que está acontecendo no mundo."
Ao responder para a funcionária que eventualmente daria expediente aos sábados e domingos, ela teria dito, segundo Kajuru: "Vou chamar a Papuda para prender o senhor", em referência ao Complexo Penitenciário da Papuda, situado na região administrativa de São Sebastião (DF).
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