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Cabral diz que empresários da saúde repassaram R$ 4 mi a Paes via caixa 2

30.jul.2013 - Sérgio Cabral (à dir.) e Eduardo Paes (à esq.) - Ale Silva/Futura Press
30.jul.2013 - Sérgio Cabral (à dir.) e Eduardo Paes (à esq.) Imagem: Ale Silva/Futura Press

Gabriel Sabóia

Do UOL, no Rio

26/02/2019 17h16Atualizada em 26/02/2019 19h49

O ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (MDB) afirmou hoje ao juiz federal Marcelo Bretas, responsável pelas ações da Operação Lava Jato na primeira instância, que empresários da área da saúde repassaram, por meio de caixa dois, ao menos R$ 4 milhões à campanha que elegeu Eduardo Paes (DEM) prefeito do Rio em 2008.

Segundo Cabral, a campanha de Paes (à época no MDB, hoje no DEM), ex-aliado de Cabral, teria recebido mais de R$ 1 milhão do empresário Miguel Skin e R$ 3 milhões ou R$ 4 milhões de Arthur Soares.

Por meio de nota, Paes afirmou que "todas as doações feitas à campanha eleitoral de 2008 constam da prestação de contas aprovadas pela Justiça Eleitoral".

De acordo com a prestação de contas apresentada pela campanha de Paes em 2008 ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral), o total de receitas da candidatura foi de R$ 11,4 milhões, sendo o teto de gastos de R$ 12 milhões.

Os empresários citados por Cabral são réus na ação penal decorrente da Operação Fratura Exposta, desdobramento da Lava Jato no Rio, que apura esquema de fraudes na compra de próteses para o Into (Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia) e na Secretaria Estadual de Saúde.

Cabral também afirmou que o deputado federal Pedro Paulo (atualmente no DEM, na época no MDB) era responsável por pegar o dinheiro. Pedro Paulo nega. Ele foi candidato à sucessão de Paes para a prefeitura do Rio.

"Nunca participei de qualquer reunião ou arrecadação de campanha que não tenha sido devidamente contabilizada e declarada à Justiça Eleitoral, na prestação de contas", disse o deputado, em nota.

Questionado se esses empresários teriam obtido vantagens durante a gestão de Paes, Cabral disse não poder afirmar se houve favorecimentos em contratos.

Quem doa milhões para uma campanha eleitoral está esperando um retorno. Todos esperam um retorno. É uma espécie de toma lá dá cá. Está implícito.
Sérgio Cabral, ex-governador do Rio

O ex-prefeito era secretário de Esporte e Lazer da gestão de Cabral quando começaram as obras de reforma do estádio do Maracanã na época dos Jogos Panamericanos, realizados em 2007. Por essas obras, Paes jamais teria recebido benefícios, de acordo com Cabral.