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Líder do PSL critica articulação e empenho do governo na Previdência

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), à esq., e o ministro da Economia, Paulo Guedes - Pedro Ladeira/Folhapress
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), à esq., e o ministro da Economia, Paulo Guedes Imagem: Pedro Ladeira/Folhapress

Guilherme Mazieiro

Do UOL, em Brasília

25/03/2019 18h21Atualizada em 25/03/2019 18h35

Em meio à crise sobre a articulação da reforma da Previdência, o líder do PSL na Câmara, Delegado Waldir, criticou hoje os líderes do governo no Congresso. Ele também disse que o presidente Jair Bolsonaro (PSL) tem que ser mais "incisivo nas redes sociais" sobre o assunto.

"Ministro Onyx [Casa Civil], general [Santos Cruz da Secretaria de Governo], existem vários líderes indicados. Todos eles têm papel nessa construção, só que me parece que os líderes de todos os partidos estão descontentes. A construção está errada", disse.

Na Câmara, lideranças reclamam da falta de diálogo e distribuição de poder por parte do governo Bolsonaro. Os parlamentares enfrentam dificuldades até para agendar reuniões com ministros.

Desde a última quinta-feira (21), o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), tem se afastado da articulação da reforma.

O parlamentar ficou incomodado com ataques que vem sofrendo em redes sociais por bolsonaristas e pelo vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), filho do presidente.

"Esse filho não pode ficar sem pai. Ele está passando fome nesse momento e corre o risco de morrer", disse metaforicamente em relação à reforma da Previdência.

Falta da convicção do presidente

Waldir apoia uma das críticas que circulam na Casa: a de que Bolsonaro tem que defender a pauta da Previdência com mais determinação. Indagado se o presidente está convicto da necessidade da reforma, respondeu "ele que tem que dizer para vocês".

"Eu penso que ele tem que ser mais incisivo nas redes sociais, nas manifestações dele. A gente tem que focar. E para isso tem que compor. Você só consegue aprovar a reforma com composição e diálogo. É o que falta nesse momento", disse.
Sobre a falta de empenho do presidente e a articulação, considerou que sem base a reforma não será aprovada.

"O fechamento de questão é algo interno do partido. Nem o PSL está convencido. Eu fui o primeiro a questionar, porque veio o abacaxi aqui e até agora a faca não veio. Nós não vamos abrir esse abacaxi no dente", disse.

O ministro Paulo Guedes foi convidado para ir à Comissão de Constituição e Justiça amanhã. É por esse colegiado que a Previdência tem que dar o primeiro passo.

"Vamos ver se ele traz a faca ou o facão", disse.

Falar em nova política é "bullying"

O líder foi questionado sobre o que seria a "nova política" que o governo Bolsonaro defende. Essa foi uma das críticas feita a Maia, de que ele seria representante da "velha política".

"Não pode falar em nova política e velha política. O eleitor que é a régua. [Essa fala] Afastou mais de 200 deputados. É um bullying político quando divide e se fala em nova política e velha política. São todos políticos e têm que ser tratados com esse respeito", disse.

A pecha de "velha política" é usada por parlamentares para tentar vincular a imagem de políticos de outros mandatos em uma prática imoral de toma-lá-dá-cá.