Se governo errar demais, a conta irá para Forças Armadas, avalia Mourão
O vice-presidente da República, general Antônio Hamilton Mourão (PRTB), afirmou hoje que, se o governo federal errar demais, as Forças Armadas serão diretamente atingidas e sofrerão as consequências. Mais cedo, pesquisa Datafolha mostrou que o presidente Jair Bolsonaro (PSL) registra a pior avaliação de governo em um primeiro mandato após três meses de gestão desde a redemocratização de 1985. O vice, no entanto, minimizou o resultado e disse enxergá-lo com naturalidade.
"As Forças Armadas não estão no poder. [...] O que ocorre é que dois militares foram eleitos. O presidente Bolsonaro estava há 30 anos fora das Forças Armadas. É mais político do que militar. [...] [Os militares no governo] São todos da reserva. Já estão afastados das Forças. Agora, concordo plenamente com a parte que você colocou. Se nosso governo falhar, errar demais, porque todo mundo erra, mas, se errar demais, não entregar o que está prometendo, a conta irá para as Forças Armadas. Daí nossa extrema preocupação", declarou.
Mourão participou do debate "+ Diálogo: os primeiros 100 dias", que encerrou o evento Brazil Conference, promovido por alunos brasileiros das universidades de Harvard e MIT (Massachusetts Institute of Technology), nos Estados Unidos.
Embora se fale internamente que a conta poderá cair no colo das Forças Armadas caso o governo vá mal na avaliação da maioria da população, o assunto não costuma ser discutido em público por seus integrantes. De acordo com a pesquisa Datafolha revelada hoje, a gestão de Bolsonaro é ruim ou péssima para 30% dos brasileiros, regular para 33% e boa ou ótima para 32%. No entanto, 59% afirmaram acreditar que o presidente fará uma gestão ótima ou boa.
Pela manhã, Bolsonaro disse que não iria "perder tempo" comentando o resultado, pois o instituto disse que ele perderia para todos em simulações de segundo turno eleitoral. Na verdade, o Datafolha apontou empate técnico com Fernando Haddad (PT) e derrota para Geraldo Alckmin (PSDB) e Ciro Gomes (PDT) em boa parte das pesquisas feitas ainda no primeiro turno. Já na campanha do segundo turno, Bolsonaro esteve à frente de Haddad em todos os levantamentos.
Mourão disse enxergar a queda inicial de popularidade do governo com naturalidade porque "existe uma ansiedade muito grande" da sociedade brasileira por mudanças. "Mas, também sou uma pessoa que anda na rua. Não estou enclausurado no anexo 2 do Palácio do Planalto nem no Palácio do Jaburu", acrescentou para justificar sua opinião.
Antes, ao responder também a uma pergunta sobre o papel histórico dos militares na política do Brasil e a atuação do general Ernesto Geisel como presidente na época da ditadura, Mourão disse que há a diferença do apoio popular. "Vamos olhar o seguinte: o general Geisel não foi eleito. Eu fui", recordou. Imediatamente, Mourão foi aplaudido de pé pelos presentes. O vice-presidente foi ainda aplaudido de pé ao final do debate, com salvas de palmas entre as respostas.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.