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Após PF dizer que Adélio agiu só, Bolsonaro fala em 'reforçar investigação'

Luciana Amaral e Vanessa Alves Baptista

Do UOL, em Brasília e São Paulo

12/06/2019 20h20

Após ao menos dois relatórios da Polícia Federal apontarem que Adélio Bispo de Oliveira agiu só ao esfaquear Jair Bolsonaro (PSL) ano passado, o presidente da República se reuniu hoje com o ministro da Justiça, Sergio Moro, e o diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, e abordou "a possibilidade de reforçar o trabalho da PF em relação à investigação do atentado".

A informação é do porta-voz da Presidência, Otávio Rêgo Barros.

"O presidente entende que a PF tem total capacidade de, aprofundando as investigações, deliberar o mais rápido possível conclusões efetivas do caso. É nesse sentido que o presidente trabalhou o seu diálogo com o doutor [Maurício] Valeixo [diretor geral da PF]", disse o porta-voz.

Adélio está preso em presídio federal e foi considerado inimputável, por problemas mentais, pela Justiça Federal de Minas Gerais.

Investigações da PF apontam que Adélio atuou só, com "comportamento obsessivo" e de maneira premeditada. Em programas de televisão e pelas redes sociais, Bolsonaro demonstra discordar dessa conclusão.

Ontem, no Twitter, Bolsonaro compartilhou um vídeo que tem sido divulgado por militantes de direita mencionando um "mandante do atentado contra Jair Bolsonaro".

Questionado se o pedido de reforço teria a ver com insatisfação com os resultados da PF, o porta-voz não confirmou, nem negou.

Disse que "o interesse do presidente [é] de que de fato seja completamente elucidada a tentativa de assassinato de um candidato a presidente da República que liderava as pesquisas e que por obra e graça de Deus veio a vencer. É muito natural que se busque uma completa elucidação e assim o presidente vem se comportando".

Crise no Ministério da Justiça

Bolsonaro e Moro se reuniram ao meio-dia no Palácio do Planalto e trataram também o "o vazamento das supostas mensagens e informações", nas palavras de Rêgo Barros, em referência às conversas publicadas pelo site The Intercept Brasil.

As mensagens sugerem que Moro não se limitou a julgar os casos da Lava Jato, quando era juiz federal, mas também interferiu nas investigações do Ministério Público na operação - o que contraria a Constituição.

Esta foi a segunda vez que Bolsonaro e Moro se encontraram desde a divulgação das mensagens vazadas, no domingo (9). Ontem, Bolsonaro se encontrou com Moro no Palácio da Alvorada e o condecorou com a Ordem do Mérito Naval junto a outros ministros.

Segundo o porta-voz, o clima entre Bolsonaro e Moro é de "sã camaradagem" e todos os titulares de pasta têm a confiança do presidente. Ele negou que os dois trataram de estratégia para o depoimento de Moro em ida ao Senado marcada para quarta que vem (19).

"É nesse sentido que o presidente vem relacionando-se com o ministro Sergio Moro, e não apenas com ele, relacionando-se com todos os ministros do governo, num ambiente de sã camaradagem e de confiança", falou.