Sargento preso com cocaína era exemplar e burlou esquema rígido, diz Heleno
Felipe Amorim*
Do UOL, em Brasília
10/07/2019 10h10
O general Augusto Heleno, ministro-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), afirmou que o sargento preso com 39 quilos de cocaína em um voo da FAB (Força Aérea Brasileira) conseguiu burlar um "esquema de segurança que é extremamente rígido" e que o militar não possuía qualquer histórico de antecedentes criminais. "Ao contrário, era exemplar", disse o general.
Heleno participou na manhã de hoje de audiência conjunta das comissões de Direitos Humanos e de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados. Ele foi convidado para falar sobre o caso do sargento Manuel Silva Rodrigues e classificou o episódio como "lamentável". Ele disse que os militares que atuam nas aeronaves ligadas à Presidência da República são "escolhidos a dedo". Heleno, porém, não deu detalhes do funcionamento do esquema de segurança nas aeronaves.
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"É lamentável o fato, principalmente porque as tripulações que trabalham e transitam nas aeronaves do GTE (Grupo de Transporte Especial), não só do presidente e do vice-presidente, são escolhidos a dedo, é um trabalho extremamente consciente da sua grandiosidade, da sua responsabilidade", disse Heleno.
Segundo o general, o fato está sendo apurado e os culpados serão punidos. "Um fato desse surpreendeu a todos e obviamente merece ser apurado e quem estiver envolvido fatalmente responderá pelo crime que cometeu ou pela irregularidade que cometeu, e nós teremos condições de dizer que o problema foi saneado, isso não acontecerá de novo", afirmou Heleno.
Manoel Silva Rodrigues foi detido com 39 quilos de cocaína em Sevilha, na Espanha. Ele aguardava a comitiva de militares que acompanhou o presidente Jair Bolsonaro (PSL) durante sua viagem até o Japão, para participar do encontro do G20.
O voo faria uma parada na cidade espanhola, mas, após a divulgação do caso, houve a mudança para Lisboa, em Portugal. O avião da FAB em que o militar estava seria usado como reserva da aeronave presidencial. Esta comitiva não fazia parte do mesmo voo que transportou o presidente.
A cocaína encontrada com Rodrigues, que trabalhava como comissário de bordo, estava embalada em 37 pacotes escondidos em uma mala, embaladas em blocos envolvidos por fita adesiva bege. A quantidade da droga foi avaliada em R$ 6 milhões.
De acordo com o Heleno, ainda não foi apurado se a droga deveria permanecer em Sevilha ou seguir para o Japão.
Defesa de militar fala em armação
O advogado Carlos Alexandre Klomfahs, que defende o sargento da FAB, afirmou à Corregedoria do Ministério Público Militar que o militar foi vítima de "armação" e disse que há evidências de "ações clandestinas e sem autorização da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), para imputar crimes ao comissário de bordo", com o objetivo de "prejudicar a imagem do Brasil e do governo do presidente Jair Bolsonaro".
* Com informações do Estadão Conteúdo