Garotinho deixa prisão sorrindo no Rio após decisão de desembargador
Anthony Garotinho, ex-governador do Rio de Janeiro, deixou o presídio em Benfica, na zona norte da capital fluminense, na manhã de hoje após conseguir um habeas corpus. Ele e a mulher, Rosinha Garotinho, haviam sido presos preventivamente ontem. A soltura foi determinada pelo desembargador Siro Darlan, atendendo a pedido da defesa do casal.
"Se tivesse recebido propina, não estaria morando de aluguel no bairro do Flamengo", disse Garotinho em entrevista após deixar a cadeia a pé. De acordo com o Ministério Público, Anthony e Rosinha embolsaram, juntos, mais de R$ 25 milhões em propina da empreiteira Odebrecht, através de contratos celebrados com a Prefeitura de Campos dos Goytacazes, no norte fluminense.
Ontem, a promotora Simone Sibilio, coordenadora do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de combate ao Crime Organizado) do MP-RJ, destacou que manter Garotinho detido seria um "desafio". "O MP já mostrou necessidade da prisão em manutenção. Cabe ao Poder Judiciário a manutenção desta prisão", ressaltou.
A Odebrecht foi responsável pela construção de casas populares dos programas "Morar Feliz I" e "Morar Feliz II" durante os dois mandatos de Rosinha como prefeita da cidade, entre 2009 e 2016. De acordo com o MP-RJ, as obras teriam custado no total mais de R$ 1 bilhão.
Além de Anthony e Rosinha, foram presas outras três pessoas apontadas como transportadoras de valores: Sérgio dos Santos Barcelos, que teria sido intermediário das negociatas em 2008; Ângelo Gomes, que teria trabalhado para o casal em 2012, e Gabriela Quintanilha, que teria exercido essa função em 2014. Barcelos era subsecretário no governo Wilson Witzel (PSC), que anunciou ontem que o exoneraria. A reportagem não localizou a defesa dos citados.
O advogado do casal, Vanildo José da Costa Júnior, havia classificado a prisão como "absolutamente ilegal e infundada". Além disso, o defensor argumentou estranhar que o MP aponte superfaturamento nas obras se a Odebrecht move ação em que diz ter sofrido prejuízo. A defesa também disse lamentar o que chama de "politização do judiciário".
Em decisão, desembargador critica Lava Jato
Segundo o jornal Folha de S.Paulo, o desembargador Siro Darlan fez, na decisão que mandou soltar o casal Garotinho, críticas veladas à Operação Lava Jato e ao instituto da delação premiada, usado para justificar a prisão dos ex-governadores. Ele afirma que o uso da delação nesse caso não respeita a doutrina.
"Vivemos tempos sombrios, alertou o ministro Marco Aurélio de Melo do STF [Supremo Tribunal Federal] ao criticar o uso excessivo das colaborações premiadas no âmbito da denominada operação Lava Jato", escreveu o desembargador.
O magistrado também argumenta não ver razão para a manutenção da prisão preventiva, já que os fatos que sustentam a acusação ocorreram entre 2008 e 2016 e não há menção a testemunhas que poderiam ser ameaçadas, prejudicando as investigações.
*(Com Estadão Conteúdo)
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