Preso pela 4ª vez, Garotinho já foi detido em rádio e internado após prisão
Os ex-governadores do Rio Anthony Garotinho (sem partido) e Rosinha Matheus (Patriota) foram presos na manhã de hoje em operação do MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro). Segundo a promotoria, o casal embolsou mais de R$ 25 milhões em propina da empreiteira Odebrecht, através de contratos celebrados com a Prefeitura de Campos dos Goytacazes, no norte fluminense.
A Odebrecht foi responsável pela construção de casas populares dos programas "Morar Feliz I" e "Morar Feliz II" durante os dois mandatos de Rosinha como prefeita da cidade, entre 2009 e 2016. No total, as obras teriam custado mais de R$ 1 bilhão, segundo o MP-RJ. Ainda segundo a promotoria, os superfaturamentos dos dois contratos somam R$ 62 milhões.
Para o advogado do casal, Vanildo José da Costa Júnior, a prisão "é absolutamente ilegal, infundada e se refere a supostos fatos pretéritos". Além disso, o defensor argumenta estranhar que o MP aponte superfaturamento nas obras se a Odebrecht move ação em que diz ter sofrido prejuízo. A defesa, que promete recorrer da decisão, disse lamentar o que chama de "politização do judiciário".
Trata-se da quarta prisão de Garotinho, alvo de outras operações nos últimos três anos. O casal nega todas as acusações e tem afirmado que é alvo de perseguição política.
Veja a seguir como e porque o ex-governador do Rio foi preso em outras três ocasiões:
Operação Chequinho e tumulto em transferência
Garotinho foi preso pela primeira vez em 16 de novembro de 2016. A Operação Chequinho foi resultado de investigação sobre suposto esquema de compra de votos em Campos dos Goytacazes. Rosinha foi prefeita desse município do norte fluminense por dois mandatos, entre 2009 e 2016.
Segundo o MPE (Ministério Público Eleitoral), em troca dos votos, a prefeitura oferecia inscrições fraudulentas no programa Cheque Cidadão, que dá R$ 200 por mês a cada beneficiário.
A operação começou em setembro de 2016, quando o MPE e a PF apontaram um "crescimento desordenado" do Cheque Cidadão. Em apenas dois meses, de acordo com as investigações, o número de inscritos passou de 12 mil para 30 mil.
Garotinho passou mal no dia da prisão e foi encaminhado ao Hospital Municipal Souza Aguiar, onde ficou internado por dois dias, até o juiz Glaucenir Silva do Oliveira, de Campos, decidir por sua transferência para presídio em Bangu, na zona oeste carioca.
O ex-governador resistiu ao encaminhamento e as imagens viralizaram na internet.
No dia seguinte, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) decidiu que Garotinho deveria retornar ao hospital devido às suas condições de saúde.
O Tribunal revogou a prisão de Garotinho oito dias depois da prisão mediante o pagamento de fiança de R$ 88 mil e outras medidas cautelares impostas pelo plenário da Corte.
Em nota, a defesa de Garotinho disse à época que a prisão era abusiva. "A prisão à qual está submetido o ex-governador é abusiva e ilegal e decorre de sua constante denúncia de abusos de maus-tratos a pessoas presas ilegalmente naquela comarca [da 100ª Vara Eleitoral de Campos]", disse o comunicado.
Garotinho é preso pela 2ª vez em uma rádio no Rio
A segunda prisão do ex-governador ocorreu em setembro de 2017 por determinação da Justiça Eleitoral, enquanto Garotinho apresentava programa matinal na Rádio Tupi, no bairro de São Cristóvão, zona norte carioca.
Essa prisão foi um desdobramento da Operação Chequinho, que apurava suposta compra de votos em Campos dos Goytacazes, berço político do clã Garotinho.
Ele foi encaminhado a prisão domiciliar com tornozeleira eletrônica. O ex-governador ficou impedido de usar celular e ter contato com quaisquer pessoas que não fossem advogados ou familiares.
Na mesma decisão, Garotinho foi condenado, em primeira instância, a prisão em regime fechado pelos crimes de corrupção eleitoral, associação criminosa e supressão de documentos públicos. A sentença, porém, ainda estava passível de ser confirmada em segunda instância para que a pena pudesse ser aplicada.
Dias depois, no entanto, tanto a prisão como as medidas cautelares foram revogadas pelo TSE.
Em nota, a defesa de Garotinho afirmou à época que repudiava "os motivos apresentados para a prisão do ex-governador". Disse também que a decisão de mantê-lo em casa visava privá-lo de seu trabalho na rádio e em seus canais digitais. Ainda na versão dos advogados, a restrição de liberdade teria o objetivo de impedir que ele continuasse "denunciando políticos criminosos importantes", sendo que "alguns deles já foram presos".
Delação da JBS também leva Rosinha à prisão
Em novembro de 2017, o ex-governador e a mulher Rosinha Matheus foram alvo de outra operação desencadeada pelo MPE, dessa vez na esteira de uma delação premiada de executivos do frigorífico JBS. O casal teria supostamente recebido cerca de R$ 3 milhões do frigorífico por meio de contratos fraudulentos. Eles negam a acusação.
A prisão também causou polêmica à época: Garotinho prestou queixa e disse à Polícia Civil ter sido vítima de suposta agressão na cela do presídio em que estavam também presos da Operação Lava Jato.
De acordo com o advogado Carlos Azeredo, Garotinho relatou ter sido agredido em sua cela, durante a madrugada, por um homem com um cassetete. "Na madrugada, um elemento invadiu a cela e deu, com um taco de beisebol, um porrete, no joelho dele e um pisão no pé", informou.
"A cela estava fechada. Essa pessoa abriu. A pessoa disse que ele fala demais e deu uma porretada nele", acrescentou o defensor. Segundo ele, o ex-governador ficou com o joelho inchado e dois dedos do pé roxos.
O casal recorreu ao TRE-RJ (Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro) que determinou prisão domiciliar com uso de tornozeleira eletrônica. Em dezembro, porém, o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes revogou a necessidade da tornozeleira de Garotinho e de Rosinha.
Em nota, a assessoria de imprensa de Anthony Garotinho negou à época as acusações e atacou adversários políticos.
Em 2018, Garotinho chegou a concorrer ao governo do Rio. A decisão, porém, foi barrada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) com base na Lei da Ficha Limpa.
Neste ano, a Justiça do Rio determinou que o político voltasse a usar tornozeleira eletrônica, ainda no contexto das investigações da Operação Chequinho, mas os advogados de Garotinho derrubaram as medidas cautelares.
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