Oposição quer CPI para investigar decisões de Moro na Lava Jato
Hanrrikson de Andrade e Eduardo Militão*
Do UOL, em Brasília
13/09/2019 12h17
Um grupo de deputados de oposição protocolou na Câmara um pedido de criação de CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar a constitucionalidade das decisões do ex-juiz Sergio Moro, hoje ministro da Justiça e Segurança Pública, nos anos em que esteve à frente da Operação Lava Jato.
Segundo a deputada Erika Kokay (PT-DF), o grupo obteve ontem (12) o número suficiente de assinaturas (171) para requerer a comissão. A conferência dos signatários está sob sigilo. Agora o pleito segue para as mãos do presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que decidirá se o aceita ou não.
O pedido de CPI tem como justificativa o vazamento da troca de mensagens entre Moro e o procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Lava Jato. Os diálogos obtidos e publicados pelo site The Intercept Brasil mostram que o ex-magistrado atuou em parceria com o Ministério Público Federal na condução das ações penais da 13ª Vara Federal (Curitiba).
O requerimento é assinado por André Figueiredo (PDT-CE), Alessandro Molon (Rede-RJ), Daniel Almeida (PC do B-BA), Ivan Valente (PSOL-SP), Jandira Fechali (PC do B-RJ), Orlando Silva (PC do B-SP), Paulo Pimenta (PT-RS) e Tadeu Alencar (PSB-PE).
Vice-líder do PL na Câmara e membro da bancada da bala, Capitão Augusto (SP) afirmou ao UOL que planeja uma campanha pública a fim de fazer com que parlamentares retirem assinaturas.
"Agora a gente vai começar a fazer um trabalho de divulgação para que haja uma pressão popular para que quem assinou retire essa assinatura. Imputar uma responsabilidade criminal ao juiz Sergio Moro na Operação Lava Jato é algo que não dá para acreditar que tenha deputados querendo fazer isso daí", comentou.
Hoje de manhã, ao ser questionado sobre o que acha do movimento da oposição, o presidente em exercício, vice-presidente Antônio Hamilton Mourão (PRTB), aparentou não saber da CPI.
Quando informado sobre a protocolização dela na Câmara, respondeu que o pedido é "perda de tempo, tá bom?".
*Colaborou Luciana Amaral, do UOL, em Brasília