Dodge diz que cumpriu seu papel e apoiou "intensamente" a Lava Jato
A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, afirmou ter apoiado "intensamente" a Operação Lava Jato e o combate à corrupção e que deixa o comando da PGR (Procuradoria-Geral da República) com a sensação de ter cumprido seu papel.
Hoje foi a última vez que Dodge participou de uma sessão do STF (Supremo Tribunal Federal) à frente da PGR. O mandato dela termina na próxima terça-feira (17).
O presidente Jair Bolsonaro (PSL) decidiu não reconduzir a procuradora para mais um mandato de dois anos e indicou como chefe da PGR o subprocurador Augusto Aras. O escolhido por Bolsonaro ainda precisa ser aprovado pelo Senado para tomar posse no cargo.
Em entrevista a jornalistas ao deixar a sessão do STF, Dodge rebateu as críticas de que os processos da Lava Jato teriam tramitado em ritmo mais lento sob sua gestão e disse ter dado apoio institucional para a operação nos ramos regionais do MPF (Ministério Público Federal).
"A maior parte das peças que eu ajuizei aqui no Supremo Tribunal Federal estão sob segredo de Justiça, são sigilosas, e no tempo próprio elas expressarão o empenho com que eu trabalhei no enfrentamento da corrupção naquilo que me cabe de atuação originária aqui no Supremo Tribunal Federal e no Superior Tribunal de Justiça", disse a procuradora-geral.
"Eu ampliei o número de procuradores em todas as forças-tarefa da Lava Jato, seja a do Paraná, seja a de São Paulo, seja a do Rio de Janeiro, e deferi a remessa de todas as verbas necessárias. Além disso, em relação a todos os recursos que chegaram para a minha atuação pessoal, empenhei-me também, muito pessoalmente, em sustentar todas as teses necessárias para o enfrentamento da corrupção, do crime organizado e da lavagem de dinheiro. Então, nesse sentido, eu estou assim com muita clareza e com muito convencimento pessoal de que apoiei intensamente esse trabalho", afirmou Dodge.
A procuradora foi alvo de críticas do próprio MPF sobre a condução dos processos da Lava Jato. Na última semana, integrantes do grupo que atuava com os processos da operação na PGR entregaram os cargos em protesto à atuação de Dodge.
Cabe ao procurador-geral da República atuar nos processos criminais que tramitam no STF e no STJ e envolvem políticos com foro privilegiado, como deputados federais, senadores e governadores de estado. Já as forças-tarefa do MPF nos estados investigam casos que envolvam suspeitos sem foro.
Aos jornalistas, Dodge disse fazer um balanço positivo dos seus dois anos à frente da PGR. "Eu trabalhei com muito zelo, com muito empenho, e creio que atingi muitas das metas que estabeleci, e todas elas voltadas para o fortalecimento da democracia brasileira, para a defesa de direitos fundamentais e para o fortalecimento da própria atuação do Ministério Público brasileiro", disse.
"Acho que com isso eu cumpro o papel que me coube na medida das minhas limitações pessoais", afirmou Dodge, que em alguns momentos da entrevista deixou transparecer emoção e falou com a voz embargada.
Como o mandato de Dodge deve se encerrar antes da aprovação pelo Senado da indicação de Aras, quem deve assumir o comando da PGR até a posse do indicado por Bolsonaro é o subprocurador Alcides Martins, por ser o vice-presidente do CSMPF (Conselho Superior do Ministério Público).
Dodge afirmou que está se reunindo com Martins e Aras para realizar a transição no comando da PGR e que espera trabalhar até a terça-feira. "Quero deixar um acervo de processos bem pequeno para o meu sucessor, e também me esmerar nessa fase final para ainda poder contribuir até o fim com algum trabalho de relevo", disse.
"Desejo também ao meu sucessor muito êxito. Acho que nós devemos sempre trabalhar para fortalecer a continuidade das instituições", afirmou a procuradora.
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