Doria pede que Bolsonaro reconheça erros e critica empresários
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), voltou a atacar hoje a postura do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no combate ao coronavírus e pediu para que o chefe do Executivo reconheça que foi um erro incentivar que as pessoas saiam às ruas. O tucano também criticou empresários que ele definiu como "mais afoitos" e que priorizam o lucro durante a pandemia.
O político paulista revelou ter conversado com o prefeito de Milão, Giuseppe Sala, sobre as medidas adotadas pela cidade italiana no enfrentamento à covid-19. Na ligação, Sala teria reconhecido que foi um erro apoiar a campanha do setor privado para manter o comércio local. Doria elogiou o arrependimento do prefeito italiano e o usou como exemplo para pedir humildade a Bolsonaro.
"O prefeito de Milão virou meu amigo. Minha origem é italiana e isso favoreceu nossa amizade. Hoje, combinei de fazer uma ligação para obter informações sobre aquilo que de certo foi feito na Lombardia e o que de errado foi feito. A Lombardia tem 6.000 vítimas. Há poucos dias esse número era de 4.400 pessoas", disse. Ele me passou esses indicadores, mas deu sobretudo uma lição de humildade. Reconheceu seu erro ao apoiar uma iniciativa do setor privado. Ele aceitou que fosse promovida e essa campanha, um mês depois, já tinha feito 4.400 vítimas na Lombardia. A lição de humildade de um homem público como Giuseppe Sala é para aprender com os erros e eu espero que o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, possa ter humildade, reconhecendo seu erro de estimular as pessoas a saírem de casa."
"Faça, presidente, como fez o prefeito de Milão: reconheça seu erro e seja valorizado por isso. Ser humano, ser sincero, falar a verdade, reconhecer suas falhas é prova de grandeza e não de fraqueza", completou.
A campanha "Milão Não Para" foi criada por empresários do setor da gastronomia e replicada por alguns políticos, pedia a reabertura de escolas, museus e teatros. Com o aumento do número de casos e de mortes na cidade, Sala se desculpou publicamente pela decisão de apoiar o movimento.
Semanas depois, o governo brasileiro fez, apagou e depois negou de forma veemente uma campanha similar: "O Brasil não pode parar". A publicidade, que chegou a ser suspensa na Justiça, defende a suspensão do isolamento social como estratégia para o combate à covid-19.
Recados a empresários
Doria também criticou a postura de empresários que não estão interessados em priorizar o lado humanitário durante a pandemia de covid-19. O governador afirmou que "a vida vem antes do lucro".
"Quero dizer aos empresários mais afoitos, que estão preocupados com seus lucros, vantagens e benefícios, e não têm o olhar humanitário para o que fazem: a vida, meus amigos, vem antes do lucro. Por favor, fiquem em casa", afirmou.
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