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"Pessoas de bem não desejam isso", diz Barroso sobre intervenção militar

Luiz Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal - Foto: Carlos Moura / STF
Luiz Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal Imagem: Foto: Carlos Moura / STF

Do UOL, em São Paulo

19/04/2020 16h37

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Luís Roberto Barroso, criticou os pedidos de intervenção militar, eufemismo utilizado por manifestantes que saíram às ruas ontem e hoje para pedir a tomada do poder por parte das Forças Armadas. O fim de semana vem sendo marcado por carreatas em várias capitais do país contra o isolamento social por conta do novo coronavírus.

Nas manifestações também há críticas ao Congresso e pedidos para "um novo AI-5" (Ato Institucional 5, que aprofundou a repressão durante a Ditadura Militar).

"Só pode desejar intervenção militar quem perdeu a fé no futuro e sonha com um passado que nunca houve. Ditaduras vêm com violência contra os adversários, censura e intolerância. Pessoas de bem e que amam o Brasil não desejam isso", escreveu o ministro em suas redes sociais, que chamou os pedidos de volta do regime militar de "assustadores".

Ontem, pelo menos três capitais do país registraram carreatas contrárias ao isolamento proposto por governadores para conter a crise na saúde pública gerada a partir da pandemia de coronavírus. São Paulo, por exemplo, foi palco de dois protestos em menos de 24 horas. Hoje, a manifestação já reunia centenas de carros por volta das 13h30.

Na capital paulista, manifestantes pediam a volta do AI-5 e da ditadura militar com cartazes e discursos. Além dos carros, dezenas de motociclistas e caminhoneiros também participaram do protesto. O governador João Doria (PSDB) foi o principal alvo dos protestos em São Paulo.

Nos dois dias o presidente Jair Bolsonaro mostrou entusiasmo com as manifestações. Ontem, ele fez questão de divulgar as cenas da carreata por meio de transmissão ao vivo em sua página no Facebook. Hoje, ele discursou para apoiadores em frente ao quartel-general do Exército, em Brasília.

O presidente tem defendido com veemência a flexibilização da quarentena e atacado governadores sob argumento de que medidas restritivas são prejudiciais à economia e podem levar ao desemprego em massa. Em suas aparições durante a pandemia, ele tem desrespeitado as orientações da OMS (Organização Mundial da Saúde), gerado aglomerações e tocado em apoiadores.