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Mãe de santo vai à polícia após ser xingada por Sérgio Camargo

Mãe de santo vai à polícia após ser xingada em aúdio por Sergio Camargo (foto) - Reprodução/Facebook
Mãe de santo vai à polícia após ser xingada em aúdio por Sergio Camargo (foto) Imagem: Reprodução/Facebook

Do UOL, em São Paulo

04/06/2020 09h47Atualizada em 04/06/2020 11h08

A mãe de santo xingada de "macumbeira" e "filha da puta" pelo presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, procurou a Polícia Civil do Distrito Federal ontem para prestar queixa. O caso foi registrado como injúria racial e discriminação racial.

No áudio, obtido pelo jornal O Estado de S. Paulo, Camargo cita Adna dos Santos, conhecida como Mãe Baiana, e diz que não dará verba para terreiros, numa alusão a locais usados para cerimônias de candomblé e outras religiões de matriz africana

"Tem gente vazando informação aqui para a mídia, vazando para uma mãe de santo, uma filha da puta de uma macumbeira, uma tal de Mãe Baiana, que ficava aqui infernizando a vida de todo mundo", disse ele.

Segundo a Polícia Civil, o caso foi registrado na Decrin (Delegacia Especial de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial, Religiosa ou por Orientação Sexual ou contra a Pessoa Idosa ou com Deficiência).

Na mesma gravação em que ofende religiões de matriz africana, Camargo classificou o movimento negro como "escória maldita", que abriga "vagabundos", e chamou Zumbi de Palmares de "filho da puta que escravizava pretos".

O UOL procurou a assessoria de imprensa da Fundação Palmares a respeito da queixa apresentada contra o presidente e aguarda retorno. Ao Estadão, Camargo já havia dito que a gravação da reunião foi "ilegal".

Ontem, a Educafro (Educação e Cidadania de Afrodescendentes e Carentes) apresentou uma representação ao MPF (Ministério Público Federal (MPF) contra ele por crime de racismo e ofensa à legislação.

Escolhido pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em novembro do ano passado, o presidente da Fundação Palmares teve a nomeação suspensa pelo Tribunal Regional da 5ª Região após defender a extinção do movimento negro e dizer, entre outras coisas, que o Brasil tem um "racismo Nutella".

Em fevereiro, porém, o STJ (Superior Tribunal de Justiça) acatou recurso da Advocacia-Geral da União e ele pôde assumir o cargo.