Polícia Federal indicia irmã de Aécio Neves por obstrução de justiça
A jornalista Andrea Neves, irmã do deputado federal Aécio Neves (PSDB), foi indiciada hoje por obstrução de justiça como consequência da Operação Escobar, deflagrada pela PF (Polícia Federal) no ano passado. De acordo com a investigação, Andrea tinha acesso ilegal a informações sigilosas da PF.
Além de Andrea, dois escrivães da PF, dois advogados e um empresário também foram indiciados por crimes como corrupção passiva e organização criminosa.
Após o indiciamento, Andrea ainda precisa ter uma denúncia apresentada pelo MP (Ministério Público) para que seja aberto processo contra a irmã do deputado, que também já foi senador e governador de Minas Gerais. Caso denunciada, a jornalista pode ser condenada a até 10 anos de prisão.
Em junho do ano passado, a Operação Escobar prendeu quatro pessoas, sendo dois agentes da PF e dois advogados. Eles são suspeitos de fornecer as informações privilegiadas para Andrea, que se beneficiaria com o conhecimento antecipado de ações e investigações da corporação.
Ainda em 2018, a Operação Capitu, que gerou o desdobramento da Operação Escobar, apreendeu documentos na residência de Andrea em Belo Horizonte. À época, o foco da investigação era um suposto esquema de corrupção no Ministério da Agricultura no governo Dilma Rousseff.
A Polícia Federal vê indícios de que servidores da Superintendência Regional da corporação em Minas Gerais foram corrompidos por advogados para fornecer informações sigilosas de investigações do órgão mineiro.
Andrea chegou a ser presa em maio de 2017. Alvo da Operação Patmos, a jornalista foi acusada de pedir propina a Joesley Batista, da J&F, no valor de R$ 2 milhões, em benefício do irmão Aécio. Ela foi libertada pouco tempo depois e responde ao processo em liberdade.
Em nota, a defesa de Andrea Neves manifestou "perplexidade com a finalização precipitada da investigação" e alegou que a medida contraria "as provas obtidas no próprio inquérito". Leia a íntegra abaixo:
"A defesa de Andrea Neves manifesta a sua perplexidade com a finalização precipitada da investigação feita pela autoridade policial que contraria, inclusive, as provas obtidas no próprio inquérito.
Andrea Neves foi chamada a prestar depoimento em julho do ano passado, tendo ficado acertado que prestaria seus esclarecimentos assim que, como determina a Lei, tivesse acesso à integralidade dos documentos relacionados à investigação. Essa nova intimação jamais ocorreu.
As investigações demonstram que Andrea nunca solicitou qualquer documento a quem quer que seja e nunca teve contato com qualquer agente público.
Os documentos que se encontravam em sua residência já tinham o seu conteúdo amplamente divulgado pela imprensa, sendo, portanto, estapafúrdia a hipótese de que poderiam ser usados para qualquer ato de obstrução de justiça.
É preocupante que a autoridade policial faça uma ilação dessa gravidade sem apontar qualquer ato praticado por Andrea que pudesse ser interpretado como obstrução de justiça.
No mais, registre-se a ironia de que um inquérito instaurado para apurar vazamento tenha tido a sua conclusão vazada antes que as partes pudessem ter conhecimento de seu conteúdo."
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