Ex-diretor do Metrô delata suposto esquema de corrupção no governo Alckmin
O ex-diretor do Metrô de São Paulo e ex-Secretário Executivo do Conselho Gestor de Parceiras Público Privadas, Sergio Correa Brasil, prestou depoimento em junho, em acordo de colaboração premiada, detalhando as supostas operações do governo do estado com a Odebrecht.
Em vídeos divulgados com exclusividade pela CNN, Correa Brasil relata participação da cúpula do Palácio do Bandeirantes, na época chefiada por Geraldo Alckmin (PSDB), em negociações com a empreiteira para fechamento de propinas para financiamento de campanhas eleitorais de 2014.
O depoimento foi feito à Polícia Federal e ao Ministério Público Eleitoral, principalmente sobre as obras da Linha 6 do metrô. Segundo o ex-diretor do Metrô, o governador não teria sido beneficiado pessoalmente com a propina. Em 2019, ele já tinha dito em acordo, desta vez com a Lava Jato, sobre esquemas ilícitos nas gestões de Alckmin e de José Serra (PSDB).
Correa Brasil relatou como foi um desses encontros da Odebrecht no Palácio dos Bandeirantes, residência oficial do governo de SP.
"O segundo escalão ficava no jardim do Palácio dos Bandeirantes, enquanto o primeiro se reunia com o governador. A Odebrecht propagava muito esse sistema, vendiam muito isso: 'olha, fica tranquilo, porque nossa operação é muito fechada'. E em outro ponto também deixaram transparecer que eu ficasse tranquilo com relação aos meus superiores, ao governo. As coisas estavam alinhadas", diz, em vídeo, divulgado pela CNN Brasil.
"Não estou dizendo que isso tem alguma irregularidade que eu conheça, mas estou tentando responder que isso acontece. E como eu disse me dava segurança. Não ia fazer algo para mim que não estivesse seguro que estivesse atendendo a alta cúpula do governo", acrescentou.
No depoimento ainda, segundo a emissora, Correa Brasil declarou que Alckmin "falava mal" das operações, mas não tentava barrá-las.
"Ele falava mal, reclamava. O governador não vai se expor naquilo, aí desce pela estrutura, chega em alguém como eu que tava no terceiro escalão, de quem vai executar e fazer aquilo acontecer, por isso que eu era uma peça importante, ou mesmo quando eu estava lá no Metrô como diretor, alguém lá na ponta tem que fazer, isso vem nesse processo que eu chamei de 'alinhamento', certamente tem os interesses políticos, partidários e de campanha, e interesses pessoais de outras pessoas como eu que se envolveram em tirar benefício, cada um na sua função", contou.
À CNN, a defesa de Alckmin afirmou que comentaria sobre o caso. Já a Odebrecht afirmou, em nota, que "a notícia se refere a fatos do passado. A Odebrecht continua colaborando com as autoridades. A empresa tem hoje controles internos rígidos, que reforçam o compromisso com a ética, a integridade e a transparência".
A Justiça Eleitoral de São Paulo determinou, em 30 de junho, o sequestro de bens e de valores em contas de Alckmin até o limite de R$ 11,3 milhões.
Alckmin responde a uma ação penal por suposto caixa dois pago pela Odebrecht nas campanhas de 2010 e 2014. No fim de julho, o ex-governador virou réu por corrupção passiva, falsidade ideológica eleitoral e lavagem de dinheiro após a denúncia apresentada pelo MPE (Ministério Público Eleitoral) sobre o esquema ser aceita.
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