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Órgão do MPF vê racismo em piada de Bolsonaro sobre guaraná rosa

Do UOL, em São Paulo

13/11/2020 11h45Atualizada em 13/11/2020 12h41

O subprocurador-geral da República, Carlos Alberto Vilhena, responsável pela PFDC (Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão), que é um braço do MPF (Ministério Público Federal), entendeu que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) cometeu crime de racismo ao fazer uma piada de cunho homofóbico e preconceituoso em visita à capital do Maranhão. Há cerca de duas semanas, Bolsonaro disse que havia virado "boiola igual maranhense" ao beber o Guaraná Jesus, bebida rosa típica da região.

Em nota, o órgão afirmou que o presidente se manifestou "de maneira ofensiva tanto à população LGBTI+ como ao povo maranhense". Em sua análise, Vilhena se baseou nas decisões do STF (Superior Tribunal Federal), que no ano passado julgou condutas homofóbicas e transfóbicas como racismo enquanto o país não tem uma lei específica sobre o assunto.

"As condutas ali narradas configuram, ao menos em tese, o crime de racismo", afirmou o subprocurador.

Vilhena tomou a decisão com base na análise de uma representação feita pelo PSOL contra a fala de Bolsonaro. O partido afirmou na peça que o presidente tem tido "de maneira reiterada e persistente uma postura abertamente homofóbica". A representação pedia a investigação de Bolsonaro por crimes comuns e de responsabilidade.

A decisão de Vilhena será agora encaminhada ao procurador-geral da República, Augusto Aras, a quem cabe pedir ao STF a análise sobre a eventual prática de crime de racismo por Bolsonaro.

Piada e desculpas

Bolsonaro fez a fala sobre o Guaraná Jesus em 29 de outubro, durante sua primeira visita oficial ao Maranhão. Enquanto deixava São Luís rumo a Imperatriz (MA), rodeado por apoiadores, o presidente bebeu os primeiros goles da bebida e logo começou a fazer piadas sobre a cor do refrigerante. A cena foi transmitida ao vivo nas suas redes sociais.

No mesmo dia, ele se desculpou em mais uma transmissão pela internet e disse que a piada foi uma "brincadeira".

"Se alguém se ofendeu, me desculpa, eu fiz uma brincadeira com a cor do Guaraná Jesus, que é cor-de-rosa. E a brincadeira que eu fiz não foi para a televisão, eu estava falando com um cara lá. Falei uns troços e divulgaram como se eu estivesse ofendendo o pessoal do Maranhão", disse Bolsonaro.