Topo

Esse conteúdo é antigo

'Governo é que tem fixação no meu nome', diz Maia sobre eleição na Câmara

Presidente da Câmara disse que governo trabalha para derrotar o candidato que ele decida apoiar - ADRIANO MACHADO
Presidente da Câmara disse que governo trabalha para derrotar o candidato que ele decida apoiar Imagem: ADRIANO MACHADO

Do UOL, em São Paulo

07/12/2020 17h03

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), negou hoje que trabalhe contra algum candidato na eleição à presidência da Casa, que acontecerá em fevereiro do ano que vem. Após o STF (Supremo Tribunal Federal) decidir que ele não pode disputar a reeleição, Maia vê o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) mais preocupado em evitar a vitória de um candidato apoiado pelo atual presidente da Câmara.

"Não tenho problema de relação com ninguém nem trato da candidatura dos outros. O governo é que tem fixação no meu nome e trabalha para derrotar o meu candidato e trabalhava para derrotar essa possível candidatura", disse Maia durante entrevista na Câmara, se referindo à possibilidade dele mesmo concorrer à reeleição.

O deputado, porém, chegou a afirmar hoje que nunca pretendeu disputar a reeleição, mas não quis se manifestar a respeito durante o julgamento sobre a matéria que acontecia no STF.

"Eles [governo] que têm candidatura contra. Minha candidatura é a favor da independência da Câmara", acrescentou Maia, se referindo a um movimento da "Câmara livre", sobre a independência do seu sucessor em relação ao Executivo.

Ainda sem um candidato definido para apoiar na eleição, Maia disse que prevê uma interferência do governo na votação até fevereiro, apesar de ser contra a influência dentro do Legislativo.

"Eu espero que o Planalto deixe que deputados e deputadas decidam, mas não parece que é o que vai acontecer. Acho que o que vai acontecer é que o governo vai interferir como já vem interferindo nas últimas semanas", comentou o presidente da Casa.

Indefinição entre candidatos

Enquanto o governo deve apoiar a candidatura do líder do centrão, o deputado Arthur Lira (PP-AL), nome favorito de Bolsonaro, Maia ainda espera uma definição sobre os pré-candidatos do seu bloco político. Para o presidente da Câmara, é data limite para a escolha deve ser a próxima terça-feira (15).

Atualmente, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), Baleia Rossi (MDB-SP), Elmar Nascimento (DEM-BA) e Luciano Bivar (PSL-PE) são os cotados, sendo que o primeiro tem resistência do próprio partido por ser da mesma legenda de Lira.

Além deles, Marcos Pereira (Republicanos-SP) aparece como um candidato com boa aceitação de partidos que Maia pretende atrair para si. Hoje, Pereira confirmou que será candidato à presidência da Casa.

PEC Emergencial

No plano econômico, Maia voltou a defender a votação da PEC Emergencial, que busca equilibrar as contas públicas e, segundo o presidente da Câmara, pode ser essencial para a retomada econômica.

Maia comentou sobre ser considerado um entusiasta da PEC. "Não é que sou entusiasta, eu estou vendo o trem indo em direção ao muro, ou a um volume de pessoas que estão no trilho, a 700 km/h. Vai bater no muro ou vai atropelar as pessoas e vai ser um desastre para milhões de brasileiros que precisam que o orçamento mantenha sua política de equilíbrio fiscal", disse.

O presidente da Câmara tem insistentemente cobrado principalmente o ministro da Economia, Paulo Guedes, sobre a vontade política de acelerar a votação da proposta de emenda constitucional.

"É uma matéria difícil, tanto que o governo não conseguiu assumir a responsabilidade de onde vai cortar orçamentos para a dívida pública e parte dos recursos para um plano de ampliação do Bolsa Família, porque a gente sabe que é muito difícil cortar o orçamento primário brasileiro", explicou Maia.