Lira: Câmara não aceitará 'atos de anarquia' e deixará 'protagonismo do eu'
Candidato a presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP) participou hoje de um evento na Associação Comercial de São Paulo, fez promessas sobre a possível gestão e deixou críticas indiretas contra um adversário político. Lira é o candidato mais ligado ao governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), enquanto Rodrigo Maia (DEM) é o atual presidente da Câmara e apoia a candidatura de Baleia Rossi (MDB).
Primeiro Lira disse que vê um cenário positivo na economia mundial e indicou que a Câmara não pode atrapalhar projetos que favoreçam o país. O deputado chamou isso de "atos de anarquia".
"Nossa responsabilidade em Brasília é não atrapalhar esse otimismo, fazendo diálogo, e respeitando instituições e limites de cada poder. A Câmara trabalhará com altivez, no senso da democracia. Não aceitamos atos de anarquia. As instituições têm que funcionar em plenitude para que a democracia sempre tenha uma saída razoável, negociada, harmonizada, desses momentos de instigação política", declarou Lira.
Na sequência, Lira fez uma indireta contra Rodrigo Maia, dizendo que, se for eleito, o presidente da Câmara deixará de ser protagonista.
"Vamos sair de um protagonismo do eu. O presidente da Câmara não é o chefe do poder legislativo, no sentido de que todos deputados são iguais e têm a mesma atribuição. Nossa estadia no cargo mais alto é para servir sempre como apaziguador, ouvir a todos e dar voz a todos, da esquerda, da direita e do centro. E sempre decidir pela maioria, ouvindo todos deputados. A partir daí, a Câmara vai se pronunciar sempre na fala do presidente como 'a Câmara pensa dessa maneira, age dessa maneira, se manifesta dessa maneira'. Sempre de forma coletiva", cutucou o candidato.
Lira também voltou a prometer que pautará as reformas administrativa e tributária. Segundo ele, a mais fácil deve ser a administrativa. Enquanto a tributária ainda precisa de um relatório melhor definido.
Por fim, Lira também prometeu que a pauta da Câmara será mais previsível se ele for eleito. "As matérias discutidas na casa serão sempre publicadas com uma semana de antecedência, na quinta-feira à tarde, no Diário Oficial ou no Portal da Câmara, para que todos deputados tenham conhecimento do que vai ser votado, quem é o relator e qual é o relatório, qual é o assunto, para que ninguém seja pego surpresa na madruga com pautas que não sabemos o relatório. Faremos gestão transparente e que respeite a proporcionalidade interna da casa adquirida pelos partidos nas urnas", concluiu Lira.
Auxílio emergencial
Arthur também foi perguntado sobre a possibilidade da Câmara aprovar um novo Auxílio Emergencial ou outro tipo de programa de transferência de renda. Ele destacou que não conversou com o governo federal sobre o assunto. Mas ressaltou que a base de pessoas que receberiam esse auxílio precisa ser reduzida.
"Eu penso que o Auxílio Emergencial foi providencial para manutenção aquecida da economia. Mas sabemos que ele teve falhas. Acho que a base do recebimento será menor. O cadastro será mais polido", especulou Lira.
Ele também falou sobre valores e estimou que um projeto assim deve custar entre R$ 20 bilhões e R$ 50 bilhões ao governo federal, com pagamento de R$ 200 a R$ 300 por mês para os beneficiados. Mas isso demoraria pelo menos 3 meses para ser aprovado e só seria definitivo se a PEC Emergencial for votada também.
"Se for por crédito extraordinário, tem que ser com prazo fixo, valor acertado, que mercado possa sustentar. Se tivermos aprovação de orçamento e tramitação razoável da PEC emergencial, a gente pode pensar na criação de um programa com mais harmonia, para que possamos votar um programa definitivo", definiu Lira.
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