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Preterida pelo MDB, Simone será candidata independente em disputa no Senado

Simone Tebet (MS) está sem apoio do próprio partido, MDB, que negocia cargos no Senado para o caso de Rodrigo Pacheco (DEM-MG) ser eleito - Reprodução/TV Cultura
Simone Tebet (MS) está sem apoio do próprio partido, MDB, que negocia cargos no Senado para o caso de Rodrigo Pacheco (DEM-MG) ser eleito Imagem: Reprodução/TV Cultura

Luciana Amaral e Natália Lázaro

Do UOL e colaboração para o UOL, em Brasília

28/01/2021 13h02Atualizada em 28/01/2021 14h33

A senadora Simone Tebet (MDB-MS) decidiu que será candidata independente à Presidência do Senado. A decisão de Simone é uma resposta ao seu próprio partido, que não deve mais apoiá-la formalmente. A eleição interna da Casa está marcada para a próxima segunda-feira (1º).

Ontem, o MDB anunciou que analisa um acordo com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), de dar importantes espaços ao partido dentro da Casa mesmo com a eventual vitória do principal rival da candidata da própria sigla, o senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG).

Na prática, a decisão sela um abandono do MDB à candidatura de Simone. Ainda assim, o grupo da candidata estima que ela consiga cerca de 9 votos dos 15 senadores da bancada.

Rodrigo Pacheco é o candidato de Alcolumbre e tende hoje a vencer a disputa por ter mais apoios oficiais de partidos e de colegas nos bastidores. Ele conta ainda com a preferência do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido).

Um dos principais responsáveis por conduzir essa articulação é o líder da bancada do MDB na Casa, Eduardo Braga (AM), reconduzido para a função por mais dois anos. Braga nega que a posição do MDB seja em troca de cargos, mas, sim, para respeitar o princípio da proporcionalidade de bancadas partidárias no Senado e se chegar a um consenso.

Segundo Braga, ela informou ontem mesmo que seria "candidata avulsa para não constranger aqueles que defendem outras posições".

Braga buscou minimizar a falta de apoio do próprio MDB. "A Simone, sendo candidata da bancada ou avulsa, terá votos dentro do MDB. Não tenho dúvidas disso", disse, ao acrescentar que percalços enfrentados pelo caminho "só valorizam a luta".

Frustração cresceu após falta de apoios esperados

A ausência de mais apoios a Simone já vinha frustrando tanto o grupo da candidata quanto parte dos colegas emedebistas. Ainda assim, ela e seus aliados mais próximos apostam em trabalhar para atrair dissidentes "sem alarde" e tentar surpreender na eleição de segunda.

Até o momento, somente o MDB e o Podemos haviam declarado apoio formal a Simone. Embora conte com apoios individuais de senadores de outros partidos, nenhuma outra sigla optou por embarcar oficialmente em sua candidatura.

Mesmo no MDB e no Podemos, Simone não pode contar com o voto de todos os senadores. O Podemos deve dar a ela no máximo sete votos dos nove senadores da bancada. O PSDB, que era tido no início como um dos principais fiadores de sua campanha, só deverá entregar três votos dos sete senadores.

Os planos de Simone foram dificultados ainda quando legendas com quem conversava, como PT, PL e PDT, declararam apoio ao apadrinhado de Alcolumbre.

Com isso, Simone teve que seguir tentando recuperar os votos perdidos ao concorrente e dentro da legenda, enquanto seu nome balançava no MDB. A principal base de fortalecimento buscada por Simone foram os grupos sociais, o apelo ao discurso feminino e a pauta econômica.

Simone conta também com o suporte do Cidadania e do PSB, entre alguns outros dissidentes, mas sem passar dos 38 votos, já considerando um cenário otimista, avaliam aliados dela.

A frustração foi crescendo no MDB junto à avaliação de que era melhor tentar garantir logo mais espaço na direção do Senado se aliando a Pacheco — com mais perspectiva de vitória — do que seguir com Simone até o final.

Na última eleição à Presidência do Senado, em fevereiro de 2019, a candidatura da senadora também foi questionada internamente na legenda e ela acabou se retirando da eleição, dando lugar ao coligado Renan Calheiros (AL). Apesar de ter sido um dos principais nomes na disputa para o último biênio, ele desistiu para não perder para Alcolumbre na votação.